Análise: Rumo dos Treasuries ainda parece questão em aberto

    Justin Lahart | Dow Jones Newswires

    A questão mais importante nos mercados financeiros hoje é se os rendimentos dos bônus continuarão subindo e quão longe ainda podem ir. Se forem destrinchadas as forças que têm condicionado o mercado, é razoável ver em 3,5% o “yield” (retorno) dos Treasuries (títulos do Tesouro americano) de dez anos no fim de 2018. Tal previsão não é muito precisa, mas tentar compreender o que pode elevar os rendimentos e como isso afetará outros mercados é um exercício crucial no momento.

    As primeiras duas semanas do ano trouxeram a elevação dos yields ao topo das expectativas dos investidores, com o rendimento dos Treasuries de dez anos tendo avançado para 2,56%, próximo à máxima de 2017, de 2,61%, atingida no mês de março.

    Entre os fatores que têm afetado o mercado de Treasuries este ano, dois se destacam. Primeiro, os títulos vinculados à inflação sugerem que cerca de metade do avanço dos yields decorre de preocupações quanto a uma alta dos índices de preços ao consumidor. A recuperação do petróleo e o cenário de elevação de salários – em meio aos cortes de impostos nos EUA – podem pressionar os rendimentos ainda mais.

    O segundo ponto foi a temerosa reação suscitada pelos rumores de que a China estaria inclinada a comprar um volume menor de Treasuries, assim como o Banco do Japão um volume menor de títulos longos japoneses. As compras de títulos por BCs estrangeiros têm contribuído para manter baixos os yields, de forma que tais preocupações, observadas na semana passada, parecem fazer sentido.

    Há outros fatores ainda não digeridos pelo mercado que tendem a mover para cima os rendimentos. Em breve, por exemplo, o Departamento do Tesouro iniciará a emissão de mais títulos para financiar os gastos do governo.

    Por fim, há um “prêmio de prazo”, o rendimento extra que investidores exigem para operações longas. Tal prêmio tem se mostrado acentuadamente negativo, aponta o Fed de Nova York, um sinal de que o mercado não acredita que os Juros de longo prazo subirão.

    Fonte: Valor Econômico

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