Bitcoin perde 23% do valor, maior queda em 4 anos

    RUMORES DE PROIBIÇÃO NA ÁSIA, SEU MAIOR MERCADO, E INVESTIDORES EMBOLSANDO LUCROS AJUDAM A DERRUBAR COTAÇÃO
    NATÁLIA PORTINARI
    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    Em menos de 24 horas, o bitcoin perdeu quase um quarto de seu valor —um forte contraste com a euforia de dezembro de 2017, quando a moeda bateu o recorde de US$ 18,67 mil (R$ 60,3 mil) e encerrou o ano com uma valorização de 1.400%.

    Foi a maior queda diária desde dezembro de 2013, em meio a rumores de proibição na Ásia, onde ocorrem 75% das transações com a moeda.

    O governo sul-coreano afirmou, na segunda (15), que estuda banir a negociação com criptomoedas. Além disso, uma autoridade do banco central da China defendeu que a negociação de moedas virtuais fosse proibida.

    Para Alvaro Bandeira, eco-nomista-chefe do home broker Modalmais, há um forte componente de realização de lucros neste momento.

    “Subiu demais. A questão é que é um negócio que não é controlado pelos bancos centrais. Serve para um mercado de anonimato que permite tráfico de armas e de drogas, e serve menos para se comprar alguma coisa.” Rudá Pellini, sócio da plataforma de investimento Wi-se&Trust, empresa que usa algoritmo para comprar na baixa e vender na alta em situações como essa, vê os investidores embolsando lucros. “As correções são duras.

    Por isso, a galera não pode hipotecar a casa ou vender carro para comprar criptomoedas, achando que vai ficar rico da noite para o dia”, diz.

    “Não é um esporte para amadores, é um negócio de risco com alta volatilidade.”

    Os rumores constantes também são aproveitados por alguns investidores para manipular preços, segundo especialistas. A manobra é estimular a venda para abaixar o valor da criptomoeda, diz Rocelo Lopes, fundador da corretora CoinBR.

    “Você faz todo um movimento para comprar quando o preço abaixa. Se fosse num mercado regulamentado, daria cadeia. No mercado de criptomoedas, é tranqüilo. Se você tem informações privilegiadas, melhor ainda”, diz.

    O bitcoin não foi o único impactado nesta terça. O ripple, cuja tecnologia já foi testada por bancos como Santander e UBS, recuou 40%. O ether caiu 27%. Essas opções, conhecidas como alteoins, foram escolhidas por investidores que consideraram o bitcoin sobrevalorizado.

    “Agora, muitos estão vendendo as alteoins pra comprar biteoins na baixa”, diz Pellini, da Wise&Trust.

    Outro motivo da queda foi a falta de estrutura de casas que operam com as moedas. “Algumas não conseguiram atender à demanda, fecharam e retiveram parte do fluxo comprador”, diz Guilherme Rebane, da corretora Foxbit.

    Bolsa de SP sobe 0,1% e encosta nos 80 mil pontos
    DE SÃO PAULO

    A Bolsa brasileira ensaiou nesta terça (16) estabelecer um novo nível, acima de 80 mil pontos, mas perdeu força em meio à realização de lucros nos Estados Unidos. O dólar teve alta e fechou quase em R$ 3,23.

    O Ibovespa, das ações mais negociadas, subiu 0,10%, para 79.831 pontos, novo recorde nominal. Em termos reais, ainda está bem distante da máxima de maio de 2008: 73.516 pontos hoje seriam equivalentes a cerca de 130 mil pontos.

    O otimismo com o Brasil e o excesso de dinheiro no exterior seguem comandando as negociações nos principais mercados, diz Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais.

    Fonte: Folha de S. Paulo

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