Os riscos políticos da ação de Janot

    O pedido de prisão das cúpulas do PMDB e do Congresso tem o poder de paralisar o Legislativo, embaralhar o processo de impeachment e, no limite, levar a uma crise institucional. Mas a aprovação do nome do economista Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central também mostra que a aliança que fez o impeachment da presidente Dilma Rousseff e empossou Michel Temer é um consórcio forte o bastante para se efetivar no poder, apesar da crise.

    Ilan foi a terceira vitória importante de Temer no Congresso, em menos de um mês. As duas primeiras foram a aprovação da meta fiscal e da DRU, propostas que a presidente afastada não conseguiu obter. A crise, no entanto, não é subestimada no Palácio do Jaburu. A temperatura política voltou a subir. O Senado aguarda em suspense e com apreensão a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as prisões. O plenário da Casa decidirá se acata ou não os pedidos.

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, do ex-presidente da República José Sarney e do senador Romero Jucá, todos do PMDB, por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava-Jato. No caso de Sarney, o pedido é de prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica por causa de sua idade avançada, 86 anos. Os pedidos de prisão contra Renan, Sarney e Jucá foram enviados ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, na semana passada.

    O procurador-geral pediu também o afastamento de Renan do cargo de senador e da presidência da Casa, conforme antecipou o Valor na semana passada. Se o pedido for acatado, Câmara e Senado ficarão acéfalas, pois o deputado Eduardo Cunha está afastado e com o mandato suspenso pelo STF. Janot apostou alto ao pedir a prisão de toda a cúpula. Pode sair com a credibilidade abalada para prosseguir com a Lava-Jato, se for derrotado.

    Fonte: Valor Econômico

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