Edição 128 - 29/9/2014

A edição especial da revista Por Sinal, “Eleições 2014: Que País é Esse”, já está no nosso portal


Dedicada ao aprofundamento do debate em torno dos grandes temas que estão na ordem do dia da disputa eleitoral e de alguns mais específicos, de interesse dos servidores públicos, sobretudo do Banco Central. Buscamos trazer para nossos leitores não só as posições dos candidatos e de suas equipes, como também a opinião de profissionais com experiência na gestão pública, analistas de mercado, economistas e militantes dos movimentos sociais. Nas páginas finais desta edição, publicamos as entrevistas que fizemos por escrito com as candidatas Dilma Rousseff e Marina Silva. O candidato Aécio Neves não conseguiu nos enviar a tempo suas respostas.

Com a revista em fase de conclusão, nossa instituição está no centro da disputa política, principalmente entre as duas candidaturas líderes das pesquisas, que transformaram a discussão sobre a autonomia do Banco Central num tiroteio acusatório, que em nada colabora para o esclarecimento da questão entre a maior parte dos eleitores. Lamentamos que um debate de tamanha importância, que trata da regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal de 1988 sobre o Sistema Financeiro Nacional, pendente há 26 anos, tenha sido tratado de forma tão simplista e preconceituosa, relevando o servidor, sua formação e capacidade técnica a um segundo ou terceiro plano, sempre vulnerável a pressões externas.

Não é de hoje que o Sinal defende a autonomia administrativa e financeira do BC, mas com o controle da sociedade. Nossa proposta prevê a criação do Conselho Nacional de Política Econômica e Financeira, em substituição ao Conselho Monetário Nacional, com 13 integrantes, formado por representantes de áreas econômicas do governo e setores da sociedade. Nesta edição, na Agenda Sinal, detalhamos melhor a proposta do sindicato de regulamentação do artigo 192.

Em diversas reportagens produzidas para este número da revista, lembramos que os governos se sucedem, promessas são feitas, mas o discurso não muda: o servidor público continua sendo o vilão, responsável pelos déficits e desequilíbrios financeiros e pela má qualidade dos serviços prestados. Esquecem, porém, que o servidor público de carreira, em qualquer país democrata, é a manutenção, a garantia da continuidade e do bom funcionamento do Estado.

O passivo dos governos com a perda continuada de direitos do funcionalismo público justifica a irritação dos servidores e a descrença em relação a possíveis mudanças. A pauta de frustrações é extensa: o reajuste salarial dos anos 2013, 2014 e 2015 não conseguiu repor a perda inflacionária; a correção da tabela do Imposto de Renda tem sido, sistematicamente, menor que do a inflação; as causas ganhas judicialmente não são pagas; e medidas meramente protelatórias são tomadas, sem a atualização de benefícios, como o auxílio alimentação e as diárias para deslocamento a serviço.

Como se isso não bastasse, os governos se omitem em regulamentar a Convenção 151 da OIT, que trata da negociação coletiva no serviço público, e lutam fervorosamente contra a votação no Congresso de qualquer matéria que implique aumento de despesas ou perda de receitas, como é o caso da PEC 555/06, que poria fim ao confisco aos aposentados e pensionistas do serviço público.

Ao mesmo tempo em que somos desvalorizados pelas atitudes registradas acima, e nossa imagem é vilipendiada pela mídia, a população clama por melhores serviços públicos e a falta do Estado, principalmente na segurança, saúde e educação.

O que os candidatos Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves têm a dizer em relação a essas demandas? Que receitas nos oferecem? Como garantir a qualidade desses serviços, sem investir na qualificação dos servidores, na valorização dos seus salários e nos seus planos de carreira?

As eleições estão aí e a sociedade decidirá quem governará o país por mais quatro anos. Esperamos ter dado nossa contribuição, enquanto Sindicato dos Funcionários do Banco Central, para que nossos leitores votem de forma consciente, apostando no futuro do Brasil.

Edições Anteriores
Matéria anteriorDeu na mídia – Reportagem destaca o risco de contaminação por doenças através das cédulas de real
Matéria seguinteSinal convalida filiação à Fenafirc