Sinalização de Mário Mesquita de que não pretende voltar ao setor público leva economista-chefe do Itaú Unibanco ao topo da lista para o Banco Central em um eventual governo de Temer
O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, será o novo presidente do Banco Central em um eventual governo de Michel Temer. Em uma conferência com investidores, promovida ontem pelo Morgan Stanley, Rodrigo da Rocha Loures, um dos principais assessores do vice-presidente da República, disse que é praticamente certa a escolha de Goldfajn, que já foi diretor da autoridade monetária.
Para ministro da Fazenda, a opção é pelo ex-presidente do BC Henrique Meirelles, de acordo com sinais emitidos pelo próprio Temer na terça-feira. Meirelles gostaria de levar para o comando da instituição Mário Mesquita, que, em sua gestão, ocupou a diretoria de Política Econômica. Mas, consultado, Mesquita disse que não pretende voltar ao setor público. Prefere se dedicar ao Banco Brasil Plural, do qual é sócio.
Goldfajn é um nome visto com grande simpatia no mercado financeiro. “Ele é comprometido com a linha ortodoxa e é muito bem aceito no mercado internacional”, afirmou o economista Fernando Barroso, responsável pela mesa de Produtos Estruturados da CM Capital Markets.
Como Mesquita, Goldfajn ocupou a diretoria de Política Econômica, escolhido por Arminio Fraga, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele continuou no cargo durante seis meses após a substituição de Fraga por Meirelles, no governo Lula. Esse histórico de convivência facilita a escolha do economista na composição da dobradinha Fazenda BC em um eventual governo Temer.
Assim como Goldfajn continuou no BC no primeiro semestre do governo Lula, boa parte da atual diretoria deve ser mantida por algum tempo. A transição progressiva na autoridade monetária é uma tradição em muitas trocas de governo. No quadro atual, há um agravante: o Senado, que precisa aprovar novos nomes, estará envolvido na apreciação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff nos próximos meses e será difícil evitar que os senadores petistas e da base aliada ataquem qualquer decisão.
Não se trata apenas de fazer discursos ou mesmo votar contra. As nomeações passam pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, presidida por Gleisi Hoffman (PT-PR), ex-chefe da Casa Civil de Dilma, que certamente criará grandes empecilhos a qualquer indicação.
Assim, há chances de que Alexandre Tombini continue na Presidência do BC por mais alguns meses. Não é a única solução, porém. Uma alternativa seria a demissão de Tombini e a escolha de um dos atuais diretores como presidente interino, o que não depende de anuência de senadores.
Nesse caso, a maior chance é de que se opte pelo diretor de Assuntos Internacionais, Tony Volpon, para o comando da instituição. Além de ser o nome com maior trânsito no mercado, ele trabalhou com Meirelles no BankBoston.
Fonte: Correio Braziliense