Ilan e Hamilton, os artilheiros de Henrique Meirelles

    Ilan Goldfajn e Carlos Hamilton Araújo – o presidente do Banco Central e o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda – são os dois artilheiros da equipe econômica do governo Michel Temer que estarão em campo na semana que vem, possivelmente a mais tensa desde abril, quando a Câmara votou pelo prosseguimento do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado.

    Em 17 de abril, os deputados federais aprovaram o afastamento de Dilma Rousseff por 367 votos a 137. Na semana que vem, dia 25, terá início, no Senado, o julgamento final do processo. Ilan e Hamilton (que também ex-diretor de Política Econômica do BC e um dos mais longevos no cargo) estarão fisicamente em pontos distantes da arena, mas estarão mais perto do mercado financeiro.

    Ilan participa na terça-feira, 23, de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), em Brasília. Em São Paulo, no dia 26, Hamilton terá a primeira reunião com as instituições participantes do Sistema de Coleta de Expectativas Prisma Fiscal. O secretário de Política Econômica será acompanhado pelo secretário-adjunto de Política Fiscal e Tributária, Jeferson Luis Bittencourt.

    O presidente do Banco Central, que esteve na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado no dia 7 de junho – quando foi sabatinado pelos senadores que chancelaram sua indicação para a presidência do BC, em substituição a Alexandre Tombini -, deve fazer um balanço das políticas executadas pela instituição neste início de gestão.

    Ilan está há 65 dias no comando do BC. Desde que recebeu o cargo do antecessor, em 13 de junho, quando discursou, fez um único pronunciamento – na sexta-feira passada, na abertura do Seminário Anual sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária, em São Paulo.

    Hamilton manifestou-se publicamente em 30 de junho, ao final da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). Foi o secretário que anunciou a decisão do CMN de manter a meta de inflação em 4,5% em 2018, além de confirmar a meta de 4,5% com banda de tolerância de 1,5 ponto percentual para 2017.

    Desde 2005 até o fim deste ano, a banda do regime de metas para inflação no Brasil estará em dois pontos percentuais. Esses dois pontos, que serão convertidos em 1,5 ponto a partir de janeiro de 2017, correspondem também à banda inaugural desse regime adotado, em 1999, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, que tinha Arminio Fraga na presidência doBanco Central. A banda de dois pontos percentuais subiu a 2,5 pontos em 2003 e voltou a 2 pontos em janeiro de 2006.

    Na quarta-feira, o secretário de Política Econômica informou, em entrevista coletiva, que a equipe econômica trabalha com o cenário de que a economia brasileira vai registrar um crescimento na “margem” no quarto trimestre deste ano, puxado pela retomada do investimento. O Ministério da Fazenda revisou de 1,2% para 1,6% a previsão do avanço do PIB para 2017, conforme antecipado pelo Valor.

    Para este ano, a projeção de retração da economia passou de 3,1% para 3%. A inflação projetada pela equipe para 2017 permaneceu em 4,8% e, para 2016 também ficou inalterada em 7,2%. A estimativa para taxa de câmbio, para dezembro de 2017, saiu de R$ 3,70 para R$ 3,50. Para o fim deste ano, o prognóstico da equipe econômica caiu de R$ 3,50 para R$ 3,30.

    Fonte: Valor Econômico

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