Maioria das aplicações rendeu mais que o CDI no semestre

    Por Roseli Loturco | De São Paulo

    Apesar de toda a volatilidade no mercado financeiro, não dá para reclamar dos ganhos obtidos em diferentes tipos de investimentos nos últimos 12 meses. Quase todos os ativos, de risco ou não, atingiram rentabilidade elevada no acumulado até agosto.

    Com exceção do dólar, do CDB e da Poupança, os principais índices da Bolsa como Ibovespa, IBrX- 50 e Small Cap, além dos fundos multimercados e de renda fixa indexados à inflação, as debêntures e os títulos soberanos renderam acima do CDI, benchmark do mercado. “Mas os melhores ativos estiveram ligados à Bolsa – só o Ibovespa valorizou 22,34% no período. Do lado dos pré-fixados, os ganhos também foram elevados. O IRF-M, rendeu 18% e os papéis ligados à inflação, como o IMA-B, 15,49% – contra um CDI de 12,05%”, avalia Luciano Telo, head de alocação e estratégia da XP Investimentos, que administra R$ 100 bilhões em patrimônio líquido, sendo R$ 14 bilhões apenas de clientes private.

    Os primeiros oito meses do ano mostraram que a maioria espera a turbulência passar para só então tomar decisões mais arrojadas. No período, só investidores mais qualificados deslocaram uma parcela dos recursos para produtos de maior exposição a risco. “Estruturalmente observamos um deslocamento de 10% dos clientes que saíram da renda fixa e foram para o multimercado. Hoje 45% do público private e de fundos exclusivos da XP estão em fundos multimercados” indica Telo. O restante preferiu ficar onde estava.

    “Quem não se incomodou com a volatilidade se deu muito bem. Não fizemos nenhuma movimentação abrupta. Estamos em momento de queda de juro e dá para manter a posição até o final do ciclo de corte”, defende Fernando Lovisotto, sócio da Vinci Partners, responsável pela gestão de patrimônio de R$ 20 bilhões.

    Lovisotto viu as turbulências políticas como principal inibidor de apostas mais ousadas, principalmente após a delação premiada dos donos da J&F.

    Os fundos imobiliários foram um dos produtos que ganharam preferência dos gestores no cenário de queda de Juros. O IFIX, índice que mede a variação desses ativos, acumulou ganhos de quase 18% nos últimos 12 meses encerrados em agosto. “Essa categoria de fundos tende a continuar porque está relacionada à queda de Juros e a expectativa de recuperação do setor”, avalia Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, que administra R$ 11 bilhões.

    Do lado do crédito privado, as debêntures incentivadas foram indicadas não só pelo prêmio pago, mas também pela isenção do recolhimento do Imposto de Renda (IR). “Algumas empresas com rating AA+ chegaram a pagar IPCA + 6,5% ao ano”, lembra Pereira.

    Trabalhando fundamentalmente com fundos multimercados e de ações, o Banco Modal informa que o cliente que aceita correr mais riscos consegue ganhar até com ativos tradicionais da renda fixa. “Teve um cliente nosso que pouco antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff fechou um CDB de 5 anos a 19% ao ano, pré-fixado. O cenário à época era catastrófico, mas quem conseguiu capturar, se deu bem”, diz Rodrigo Puga, sócio e gestor do Modalmais, corretora do Banco Modal, com R$ 17 bilhões sob gestão.

    Fonte: Valor Econômico

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