País está diante de novo ciclo de expansão, afirma Mantega

    O Brasil está entrando em um novo ciclo de expansão econômica, de acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em evento da revista “Brasileiros”, em São Paulo, ele afirmou que essa nova etapa, que começa neste ano e deve se estender até 2022, contará comcrescimento de 7% ao ano nos investimentos e avanço de 3,6% ao ano no consumo. Com isso, a expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça a um ritmo médio de 4% ao ano no período.

    “Com o crescimento do consumo avançando menos que o investimento, não haverá pressão inflacionária”, destacou o ministro, acrescentando que o investimento já vem se expandindo.

    Em sessão de perguntas e respostas após o seminário, ele foi questionado sobre como seria possível aumentar a demanda na economia diante dos juros altos e da inflação elevada. Para Mantega, o principal problema para a demanda é a falta crédito ao consumo, já que apesar da queda da inadimplência, os bancos privados estão mais rigorosos na concessão de empréstimos. “Antigamente, era possível financiar um carro com 10% ou 20% de entrada. Mas hoje exigem entrada de 50%”, disse. 

    Se não houvesse a restrição de crédito, ele entende que consumo estaria mais vigoroso e o PIB poderia crescer a 3% ao ano.

    Em relação à pressão inflacionária do período mais recente, o ministro também deu o recado de que “não há intenção do governo de mudar regras do IPCA”, o indicador oficial de inflação do país.

    No evento, ele apresentou gráficos que apontavam a trajetória da inflação com e sem a influência de alimentos, mostrando que sem alimentos a inflação é mais baixa, mas destacou que “a inflação continuará cheia enquanto o instituto de pesquisa [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] achar que deve ser assim”.

    Segundo Mantega, já há uma tendência declinante na inflação, pela menor pressão dos alimentos.

    “Em maio e em junho a inflação ficará mais bem comportad a”, afirmou. “Cumpriremos a meta de inflação neste e nos próximos anos”, complementou.

    Embora tenha apresentado no evento um gráfico que apontava estimativa de expansão de 2,3% neste ano para o PIB, o ministro negou que tenha ocorrido revisão na projeção de 2014. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias, a previsão que consta é de crescimento de 2,5% neste ano. “Essa previsão não é precisa. É algo entre 2,3% e 2,5%. Vamos revendo esse número a medida que tivermos resultados concretos”, comentou o ministro, após o término de sua palestra. “Não podemos mudar esse número toda hora nos instrumentos oficiais porque ele serve para relatórios”, acrescentou, após ser questionado por jornalistas.

    O ministro também defendeu que o governo cumprirá a meta de superávit primário de 1,9% do PIB definida para este ano. “AS&P [Standard & Poor’s, agência de classificação de risco] disse que não vamos cumprir, mas eu garanto que vamos. Eu sou responsável por isso”, disse.

    Presente ao mesmo evento, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, destacou a importância dos novos investimentos em infraestrutura nos próximos anos.

    O ministério estima em cerca de R$ 1 trilhão o montante a ser investido no Brasil em dez anos.

    Entre os setores citados com grande potencial de crescimento, estão energia renovável, fármacos e agrícola.

     

    Fonte: Valor Econômico

    Matéria anteriorDólar cai com fluxo positivo e especulações sobre nova pesquisa
    Matéria seguinteCongresso tem 30 projetos de relevância econômica em pauta