A expectativa de inflação dos consumidores para os próximos 12 meses, apurada pelo Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores, subiu de 6,3% para 6,7% entre agosto e setembro, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Pedro Guilherme Costa Ferreira, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV) considera que a elevação foi um “soluço” e não representa tendência.
Para ele, o consumidor fez apenas um ajuste nas expectativas, que já mostravam trajetória de queda havia 20 meses. Ele não descartou retorno à desaceleração do indicador nos próximos meses, com possibilidade de atingir 6% no fim do ano.
O aumento do indicador não foi generalizado pelas categorias pesquisadas. A inflação mediana para os 12 meses seguintes ficou estável em setembro em três das quatro faixas de renda investigadas pela fundação. A alta do indicador foi influenciada por aumento de 1,6 ponto na expectativa entre famílias com menor poder aquisitivo, com ganhos mensais de até R$ 2.100,00, para 8,2%.
Ferreira comentou que há meses todos os indicadores inflacionários mostram taxas mensais negativas ou próximas de zero, como no caso dos Índices Gerais de Preços (IGPs) da fundação, ou taxas positivas reduzidas, caso do IPCA, do IBGE. A frequência das desacelerações tem sido tão forte que o noticiário econômico tem dado menos destaque ao movimento que em anos anteriores, observou ele. O especialista lembrou que a leitura sobre o tema nos jornais é um dos parâmetros do consumidor para mensurar expectativas. A menor quantidade de textos sobre inflação em queda pode ter contribuído para elevação de expectativas inflacionárias, considerou.
Mas esta percepção não deve durar, ressaltou. “O principal ‘drive’ do consumidor para expectativa é o acumulado em 12 meses”, disse. Ontem, o IBGE anunciou o IPCA-15, prévia do IPCA, que acumula alta de apenas 1,9% no ano e de 2,56% em 12 meses. Na taxa mensal, o IPCA-15 passou de 0,35% em agosto para 0,11% em setembro. “O consumidor forma uma expectativa futura de inflação olhando para o passado”, comentou.
Na distribuição por faixas de inflação no indicador de expectativas inflacionárias de setembro, continua a aumentar a proporção de consumidores que projetam a taxa de inflação para os próximos 12 meses em nível inferior à meta do Banco Central (4,5%). Esta parcela subiu de 31,5% para 32,6% entre agosto e setembro, do total de pesquisados.
Fonte: VALOR ECONÔMICO