EX-MINISTRO DE FHC DIZ QUE, MESMO ASSIM, BRASIL VAI EQUACIONAR SEUS PROBLEMAS E QUE A CONTA DE DECISÕES EQUIVOCADAS COMEÇOU A CHEGAR
Autor: Leonardo Augusto
O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan afirmou que o Brasil o Brasil, “aos trancos e barrancos”, vai equacionar seus problemas. Ministro nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Malan participou de seminário para empresários em Belo Horizonte.
Ele afirmou que “o fato de os Juros terem declinado de 14,25% para 8,25%, e vão chegar mais baixo que isso no final do ano, início do ano que vem, é sinal de ancoragem da expectativa quanto ao custo dos preços”.
“A sociedade brasileira acha, de maneira crível, que nós vamos ter taxas civilizadas de inflação. O sistema de metas tem funcionado e o Banco Central demonstra credibilidade”, avaliou. Malan acredita que, com o cenário atual, a inflação seguirá baixa em 2018,2019 e 2020. Porém, não arriscou os porcen-tuais. “São os que estão no mercado”, disse.
O ex-ministro afirmou ainda que a situação externa é favorável. “Temos entre U$ 60 bilhões e U$ 70 bilhões ingressando no Brasil em investimento direto, apesar das incertezas. O que quer dizer isso? Que estão olhando o médio e o longo prazo que o Brasil, ànossamaneira, aos nossos trancos e barrancos, vai conseguir equacionar seus problemas.”
Malan disse que as turbulências vividas pelo Brasil são originadas por posicionamentos adotados dentro do próprio País. Segundo ele, foram tomadas “decisões equivocadas na área macro, na Petrobrás, no setor elétrico. Decisões que têm custo monumental. A conta chegou. De 2014, 2015 para cá, temos que lidar com ela”.
Além de ter sido ministro de FHC, Malan participou da criação do Plano Real e presidiu o Banco Central no governo de Itamar Franco (1993-1994).
Janela. Já o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco avalia que a crise na Petrobrás abriu uma “janela” para a retomada das privatizações no País, e que o Banco do Brasil seria a estatal no momento “pronta” para a venda. Franco participou do mesmo evento com Malan.
“Depois desse episódio (corrupção na Petrobrás), é muito fácil entender que uma empresa estatal é vulnerável a captura por políticos corruptos. Não há assunto de liberalismo nisso. Há assunto de código penal”, afirmou.
“Pessoalmente acho que o Banco do Brasil está pronto (para ser vendido).” O ex-presiden-te do BC disse, no entanto, que o Banco do Brasil “não pode e não deve ser comprado pelo Itaú nem pelo Bradesco”, afirmou, referindo-se aos dos maiores bancos do País.
Franco disse ainda, que, vendido o BB, a Caixa Econômica Federal deveria se tornar empresa de capital aberto para “melhorar governança”.
O ex-presidente do BC afirmou haver outras possibilidades de saída para a crise econômica que não o aumento de impostos. “Tem o caminho de equilíbrio de contas pelo lado das despesas. É o caminho politicamente mais difícil.”
E Gustavo Franco concluiu: “Tradicionalmente, o Parlamento se esconde embaixo da mesa e quer que o Poder Executivo proponha (o aumento) que eles contrariamente acabam concordando para não ter que sacrificar gastos de interesses mais caracteristicamente políticos”.
Fonte: O Estado de S. Paulo