Autor: HAMILTON FERRARI ESPECIAL PARA O CORREIO
A Poupança registrou captação líquida de R$ 3,65 bilhões em setembro, segundo o Banco Central (BC). Foi o quinto mês consecutivo de resultado positivo e o melhor resultado para o período em quatro anos. Os depósitos somaram R$ 172,6 bilhões, enquanto os saques totalizaram R$ 168,9 bilhões. Segundo especialistas, a melhora da condição financeira das famílias possibilitou os resultados positivos nos últimos cinco meses. O saldo total dos depósitos chegou a R$ 694 bilhões.
Segundo Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper, com a queda da inflação, a Poupança volta a ser interessante, mesmo com a taxa Selic em queda. ‘Os ganhos da caderneta não pagam Imposto de Renda, nem taxa de administração que, muitas vezes, consomem boa parte da rentabilidade de outros investimentos’, destacou.
A redução do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos meses permitiu que a caderneta apresentasse rendimento real, evitando que as pessoas tivessem perda no poder de compra. A expectativa do mercado é de que a inflação termine o ano em 2,95%. Com a queda da Taxa Básica de Juros, a Selic, porém, a rentabilidade da Poupança diminuiu de 6,17% ao ano mais taxa referencial (TR) para 5,77% mais TR.
O cálculo do rendimento mudou quando o BC reduziu a Selic para menos de 8,5% ao ano (a taxa caiu para 8,25% no inicio do mês passado). Com isso, a correção da Poupança passou a corresponder a 70% da Selicmais TR. Anteriormente, os ganhos correspondiam à Selic cheia mais a TR.
A regra de cálculo do rendimento foi adotada durante o governo de Dilma Rousseff para atrair as aplicações financeiras para fundos de investimentos, que são os principais financiadores da dívida pública. A norma passou a valer para depósitos feitos a partir de maio de 2012.
Apesar da melhora nos últimos cinco meses, o resultado acumulado da Poupança no ano ainda é negativo, com saída de R$ 4,16 bilhões das contas dos poupadores. Em 2016, a Poupança perdeu R$ 40,7 bilhões, o pior resultado da série histórica, iniciada em 1995, quando grande parte das famílias fez saques para pagar dívidas e sobreviver ao desemprego. Segundo Rocha, os bons resultados dos últimos cinco meses mostram que a renda das famílias vem melhorando, contribuindo para a retomada da economia’.
Fonte: Correio Braziliense
