Indicação ao banco do Brics deve sair em duas semanas

    Ministério da Fazenda quer nomear um profissional com ampla experiência no setor bancário privado, habilidade diplomática e apartidário para substituir o economista Paulo Nogueira Batista Junior no posto de vice-presidente pelo país do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics, conforme o Valorapurou.

    Nogueira foi oficialmente demitido pelo banco na quinta-feira, por decisão unânime dos cinco sócios: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Numa rapidez surpreendente, na sexta-feira o banco já havia retirado seu nome e foto do site oficial, só deixando a bandeira brasileira no espaço destinado ao comando executivo.

    Em Washington, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse acreditar que dentro de duas semanas já terá o nome do próximo vice-presidente pelo Brasil na instituição. Conforme o ministro, a demissão de Nogueira foi tomada após um processo interno, que não foi divulgado para proteger o executivo.

    “É um processo normal de substituição de executivos. Mas é uma decisão exclusiva tomadas pela diretoria do banco, que é autônoma e, depois, evidentemente, simplesmente aprovada em termos finais pela Junta”, afirmou Meirelles.

    O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcello de Moura Estevão Filho, que é tambem o presidente do conselho de diretores do banco, já fez consultas junto a órgãos do governo sobre eventuais candidatos para o cargo em Xangai. O perfil do sucessor já está definido.

    Nogueira era alvo de duas investigações internas: por alegação de assédio moral contra outro funcionário brasileiro do banco e por eventual rompimento de seu contrato profissional com comentários sobre política interna de um país membro, no caso o Brasil.

    Na confusão interna do banco, o economista tinha pedido, por sua vez, duas investigações: uma contra o vice-presidente representante da Rússia e outra contra o presidente, o indiano K. V. Kamath.

    Nogueira tinha contrato até 2021. Um vice-presidente do banco do Brics ganha cerca de US$ 40 mil por mês. Observadores acham, porém, que para receber indenização ele poderá ter de abrir disputa judicial, pois sua demissão é justificada por violar os temos de seu contrato, ou seja, teria sido por justa causa.

    O Brasil quer dar ênfase na melhora da governança do banco, que, segundo observadores, estava meio balcanizada, com cada vice-presidência trabalhando isolada em sua própria área e pouca atuação em conjunto.

    A expectativa brasileira é de obter a prazo a abertura de escritório regional do banco no país para aproximar mais o setor privado da instituição e atrair mais projetos para financiamento.

    O banco é uma manifestação concreta do poderio econômico dos cinco grandes emergentes. O NBD tem planos de atrair novos sócios e mais capital.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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