Ilan reitera necessidade de reformas econômicas

    Num momento em que o debate sobre redução de estímulos monetários no exterior ganha força, enquanto aqui se observa mais cautela em torno das reformas, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, aproveitou para reiterar a importância da implementação de medidas de reequilíbrio para a economia brasileira.

    “É importante insistir na Reforma da Previdência, nos ajustes fiscais”, disse em evento promovido pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura. Questionado sobre quando a recuperação econômica começará a impactar os números fiscais, Ilan limitou-se a dizer que é questão de tempo. “É uma parte conjuntural.”

    Os comentários do presidente do BC ontem foram feitos já com os mercados em operação. O dólar e os Jurosfuturos de longo prazo tiveram alta na véspera, afetados pela combinação entre exterior mais arisco para ativos emergentes e aumento dos ruídos no campo político doméstico, o que dificulta a negociação da Reforma da Previdência.

    Nesse contexto, Ilan fez referência à exortação do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a necessidade de revisão das despesas obrigatórias do governo brasileiro como parte do esforço de reequilíbrio das contas públicas. “A discussão que temos hoje sobre mudança de despesas obrigatórias é a discussão correta”, afirmou o presidente do BC. “Temos que manter o teto de gastos já aprovado.”

    Em relatório divulgado neste mês, o FMI defendeu não apenas a Reforma da Previdência e o teto de gastos, mas também um esforço do governo para diminuir as despesas obrigatórias, além de revisão da indexação de gastos específicos.

    Segundo Ilan, uma frustração com a perspectiva para as reformas pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. “Esse risco se intensifica no caso de reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes.”

    Questionado por um participante da plateia sobre riscos de bolhas nos mercados globais, Ilan disse que essa preocupação parece sempre presente e reconheceu a dificuldade de as lideranças mundiais identificarem esses riscos. Por outro lado, Ilan disse que perguntas como essa por si “já freiam excessos” nos mercados, uma vez que indicam que investidores têm observado o movimento dos ativos.

    No caso brasileiro, ele apontou que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa – ou seja, com taxas de Juros abaixo da taxa estrutural (aquela que gera máximo crescimento econômico com inflação na meta). O líder do BC repetiu que os Juros reais estão próximos de 3% e que, nesse patamar, ajudam a estimular a economia.

    Segundo ele, os esforços do governo na área de infraestrutura e na privatização são alicerces importantes para um crescimento sustentável. Ainda assim, Ilan disse que a continuidade dos ajustes e reformas é importante para o equilíbrio da economia, com consequências favoráveis para a desinflação, para a queda da taxa de Juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia brasileira. “O cenário internacional encontra-se benigno, mas não devemos esperar que continue assim indefinidamente.”

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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