Nathália Larghi | De São Paulo
Apesar de trabalharem com um cenário de retomada econômica, as corretoras decidiram incluir ou reforçar as recomendações para a Carteira Valor de novembro com algumas ações de companhias chamadas de defensivas, aquelas que podem proteger o investidor de uma eventual queda da Bolsa de Valores ou de instabilidades no setor em que estão inseridas.
É isso o que levou algumas corretoras a recomendarem neste mês os papéis do Itaú Unibanco e da Lojas Americanas, que já compunham a Carteira Valor, além de Ambev e Ser Educacional, novatas na lista. Composta por dez papéis, a Carteira Valor de novembro ainda conta com Petrobras, Rumo, Klabin, Ecorodovias, Banco do Brasil e B3.
A partir deste mês, a Citi Corretora deixa de fazer recomendações para a Carteira Valor. A saída se deve à aprovação das operações de varejo do Citi para o Itaú Unibanco pelo Banco Central.
Ao recomendar as ações da Ambev neste mês, a Geração Futuro está de olho na proteção que a empresa pode oferecer ao portfólio do investidor. Apesar de a Ambev também se beneficiar da recuperação econômica, com aumento de vendas, o analista Felipe Villegas explica que o papel da companhia é mais “defensivo”, o que significa que em uma eventual queda da bolsa, o impacto tende a ser mais brando. “Em épocas de queda da bolsa, a Ambev, dado o histórico de resultados excelentes, é mais defensiva, tende a ter uma performance melhor”, afirma.
A corretora também incluiu as ações do Itaú Unibanco na carteira, banco indicado por outras quatro casas. Juntamente com a Petrobras, o Itaú Unibanco continua na liderança de recomendações pelo terceiro mês consecutivo, com cinco indicações.
Em novembro, o banco passou a integrar a lista da Geração Futuro devido, segundo Villegas, aos seus resultados consistentes e às expectativas de melhora do setor financeiro com a retomada da economia e uma eventual queda na inadimplência. “É o banco que reúne as melhores características e oferece segurança no caso de uma surpresa de queda na bolsa”, diz.
Duas corretoras – Planner e Santander – também decidiram integrar a Ser Educacional a seus portfólios. Segundo Ricardo Peretti, analista do Santander, a empresa é uma das mais resilientes do setor e deve continuar apresentando resultados sólidos. “É a que tem a melhor combinação para crescimento orgânico e inorgânico”, afirma.
Na visão do Bradesco, a escolha também se deve à expectativa de que haja um crescimento para o mercado com base na capacidade de expansão e inovação de produtos no segmento de ensino à distância. “A Ser Educacional se destaca por ter um plano de expansão mais agressivo e potencial de crescimento da base de alunos em comparação a seus pares”, diz o Bradesco.
Já parte da Carteira Valor no mês passado, a Lojas Americanas teve sua recomendação reforçada ao passar a fazer parte das indicações da XP Investimentos e do Santander.
Para os analistas, a companhia oferece ao investidor uma proteção setorial. Além de atuar no varejo, que se beneficia diretamente de uma recuperação econômica, a empresa é uma aposta mais segura, disse Peretti. Ele afirmou que a escolha foi feita após a notícia de que a Amazon deve expandir seus negócios de comércio eletrônico no Brasil.
“Resolvemos diminuir a exposição nas empresas do comércio eletrônico. Se tiver um aumento na competição nesse setor, as Americanas sofreriam menos porque investem mais em lojas físicas”, afirma. Ele explica que pelo fato de a companhia ser a controladora da B2W – que reúne os e-commerces de Submarino, Shoptime e Americanas – a empresa também pode se beneficiar caso o “efeito Amazon” não seja tão forte.
Novidade na Carteira Valor, a Ecorodovias, assim como a já recomendada Rumo, se beneficia dos resultados positivos da safra agrícola, que eleva o fluxo de veículos nas rodovias administradas, segundo o BB Investimentos. Essas duas companhias mostram que a retomada econômica permanece no radar dos analistas.
A Rumo segue na lista, mantida na carteira de duas corretoras. Na visão da XP, a companhia deve seguir aproveitando os bons resultados do agronegócio. Já a Rico destaca que há uma perspectiva positiva devido à “expectativa da extensão de contratos como a Malha Paulista”, uma das principais em termos de rentabilidade e importância.
Também beneficiada por fatores internos, a fabricante de papel e celulose Klabin voltou a integrar a carteira. Segundo o BB Investimentos, a empresa teve resultados positivos no terceiro trimestre, principalmente com o mercado de caixas de papelão. Dentre as concorrentes, as ações da companhia, segundo a corretora, foram as que menos subiram no último mês, o que pode representar uma oportunidade de ganhos com alta.
A B3 permaneceu na composição da Carteira Valor pelo critério liquidez. Segundo o Bradesco, a indicação é baseada na aposta de aumento nos investimentos privados, que podem beneficiar o segmento Bovespa – em que são negociadas as ações -, assim como as negociações de títulos de renda fixa. O Bradesco também destacou a conclusão do processo de integração entre as clearings de ações e mercado futuro, que pode aumentar o volume de operações, e a incorporação da Cetip, que deve “trazer ganhos potenciais de sinergia e atratividade” para o papel.
Assim como no mês passado, a indicação da Petrobras se deve ao comportamento da gestão, focada na venda de ativos e diminuição da dívida. A XP Investimentos destacou a venda da participação da BR Distribuidora por meio de um IPO (oferta inicial de ações), que deve ser um dos fatores a impulsionar o papel. A Rico justificou a escolha dizendo não acreditar que os preços do petróleo “recuem drasticamente”, além de destacar que a perspectiva de estabilidade ou de continuidade da valorização do real ante o dólar pode melhorar o fluxo de caixa da empresa.
Fonte: Valor Econômico