Caixa muda presidente do Pan e banco fará oferta pública de ações

    Objetivo é captar R$ 400 milhões no mercado, mas estatal não vai acompanhar aporte

    BRASÍLIA – Na tentativa de pôr fim aos prejuízos do banco Pan (ex-Panamericano, do Grupo Silvio Santos), a Caixa Econômica Federal conseguiu emplacar na presidência da instituição Luiz Francisco Monteiro de Barros Neto, ligado ao Ministério da Fazenda. Caberá a ele focar as atividades do Pan em operações de crédito mais seguras, como consignado, financiamentos de veículos usados e cartão. Para isso, a instituição fará uma oferta pública de ações para captar R$ 400 milhões no mercado. Se não houver investidor interessado, o BTG Pactual, sócio da Caixa no Pan, cobrirá sozinho esse montante, porque o banco público não tem capital disponível para isso.

    As medidas foram aprovadas ontem pelo Conselho de Administração do Pan e divulgadas em comunicado ao mercado. Na reunião, foi divulgado o balanço trimestral do banco, que, depois de um prejuízo de R$ 200 milhões em 2016, registrou lucro de R$ 157 milhões entre janeiro e setembro deste ano.

    Barros Neto substituirá José Luiz Acar Pedro, que veio do Bradesco e está no comando do Pan desde 2011. A substituição foi negociada pela Caixa, porque a prerrogativa de indicar o presidente do banco é do BTG, que detém a maioria das ações ordinárias (ON, com direito a voto).

    O novo presidente do Pan é funcionário de carreira da Caixa. Atualmente, é subsecretário de Governança das Estatais do Ministério da Fazenda. Ele é ligado ao secretário-executivo da pasta, Eduardo Guardia, e ao presidente da Caixa, Gilberto Occhi.

    NECESSIDADE DE AJUSTES

    A Caixa entrou no Pan em 2009, depois de uma interferência do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, o banco público, por intermédio da Caixa Participações (Caixapar), desembolsou R$ 739,3 milhões por uma fatia do Grupo Sílvio Santos. Menos de um ano depois, o Banco Central (BC) descobriu que o balanço fora inflado por fraudes. Para evitar que o banco quebrasse, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) fez um aporte de R$ 2,5 bilhões, a fim de cobrir parte do rombo.

    Mesmo assim, o Pan vem dando prejuízos, o que obrigou a Caixa e o BTG – que comprou a parte do Grupo Silvio Santos – a fazerem novos aportes.

    Uma das dificuldades do Pan é não conseguir segurar as carteiras de crédito que ‘origina’, no jargão financeiro. Elas são vendidas à Caixa e a outros bancos. No início deste ano, os sócios contrataram a consultoria McKinsey, que traçou um diagnóstico e propôs medidas de ajustes. Parte delas já está sendo colocada em prática, o que ajudou a reduzir o prejuízo neste ano.

    Segundo uma fonte que acompanha o processo, a Caixa não acompanhará a nova injeção de capital no Pan, mas terá opção de compra no futuro para não ter sua participação diluída (a fatia dos dois sócios corresponde a 40,35%, cada). Em dificuldades para elevar o capital próprio, diante da recusa do Tesouro Nacional em fazer novos aportes, o banco público atua em várias frentes para levantar entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões, a fim de se enquadrar nas novas regras prudenciais para o setor financeiro, que entram em vigor em 2018. A principal aposta é um empréstimo do FGTS, sem prazo de vencimento, no valor de R$ 10 bilhões.

    A Caixapar também está passando por mudanças, depois de registrar prejuízo em 2016. Segundo técnicos, algumas participações estão sendo reavaliadas e poderão ser vendidas. Além do Pan, a Caixapar tem fatia em TecBan, Cibrasec, Cielo, Capgemini e Branes.

    Fonte: O Globo

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