COM INÍCIO DA NEGOCIAÇÃO DA CRIPTOMOEDA, CRESCE TEMOR DE BOLHA
criptomoeda será, em breve, negociada em Bolsa nos EUA, mas especialistas alertam para risco de bolha A cotação da bitcoin bateu US$ 16 mil ontem. Foi o quinto recorde seguido da moeda virtual em menos de dois dias. No início deste ano, uma bitcoin valia US$ 1 mil. Em meados de outubro, havia saltado para US$ 5 mil. Na semana passada, bateu US$ 10 mil. A recente disparada se explica, principalmente, pela decisão de reguladores americanos de liberar a negociação de contratos futuros da criptomoeda — assim chamada por se tratar de uma divisa criada virtualmente por computadores a partir de complexos algoritmos.
A Bolsa de Opções de Chicago (CBOE, na sigla em inglês), lança os primeiros contratos com bitcoin na próxima semana, enquanto a Bolsa Mercantil de Chicago (CME) já oferece a moeda virtual como alternativa de investimento. As duas plataformas contam com o aval da CFTC, comissão que regula bolsas e mercados de futuros nos Estados Unidos, apesar das críticas de alguns especialistas. Até a Bolsa eletrônica Nasdaq já anunciou que terá contratos futuros no ano que vem.
A disparada da bitcoin também se explica por haver um número limitado da moeda em circulação. Ou seja, quando a demanda aumenta, sua cotação sobe. O estoque de bitcoin disponível atualmente é de US$ 256 bilhões, valor superior ao valor de mercado da Coca-Cola e ao Produto Interno Bruto (PIB) da Finlândia.
Mas também vem crescendo o temor, entre especialistas e Instituições Financeiras, de que a bitcoin seja uma bolha prestes a estourar. A Associação da Indústria de Futuros dos EUA (FIA, na sigla em inglês), por exemplo, que representa os grandes bancos e corretoras do país, alertou ontem os reguladores americanos de que a oferta de contratos futuros da moeda em bolsas digitais está sendo feita de forma prematura, sem estudos mais aprofundados. NOBEL, BC E CVM JÁ ALERTARAM PARA RISCO Os riscos repousam principalmente no fato de a bitcoin não ser regulamentada por qualquer governo ou Banco Central — ou seja, não tem lastro —, apenas pela comunidade de internautas que a usam em suas transações.
Em comunicado, a FIA declara preocupação com a falta de transparência e regulação da bitcoin e questiona se as Bolsas estão preparadas para operar de forma a garantir que a moeda virtual não esteja suscetível a manipulações, fraudes e riscos operacionais. “Os investidores devem ser avisados sobre o alto nível de volatilidade e sobre o risco na operação desses contratos”, diz a nota.
No fim de novembro, o Nobel de Economia Joseph Stiglitz condenou a moeda virtual, alertou para o risco de uma bolha, defendeu sua proibição e afirmou que seu sucesso se deve apenas ao potencial para evasão de divisas.
No Brasil, o Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, que regula o mercado de capitais), também alertaram para os riscos das operações em bitcoin.
Com a valorização meteórica, a moeda virtual atraiu a atenção de hackers. A plataforma NiceHash, serviço de mineração de criptomoedas, anunciou que sofreu recentemente um ataque, resultando na perda de até US$ 60 milhões em Bitcoins, segundo cálculos do site CoinDesk.
Fonte: O Globo