Previsões apontam alta de 0,35% no IPCA-15 de dezembro

    O aumento sazonal das passagens aéreas e os reajustes de combustíveis tiveram pouco peso na aceleração da inflação na primeira quinzena de dezembro, que ainda foi ajudada pela queda de preços dos alimentos, de acordo com previsões de economistas. Segundo a estimativa média de 25 Instituições Financeiras e consultorias de mercado ouvidas pelo Valor Data, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) subiu 0,35% no último mês do ano, valor ligeiramente superior à alta de 0,32% registrada no indicador no mês passado.

    As projeções para a prévia da inflação oficial, a ser divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vão de avanço de 0,25% até 0,40%. Caso essas expectativas sejam confirmadas, o IPCA-15 terminará 2017 com alta de 2,93%. Trata-se da menor taxa anual do índice desde 2006, quando o IPCA-15 registrou variação de 2,83%.

    O grupo alimentação deve ter mostrado deflação maior do que a verificada em novembro, o que explica a relativa estabilidade esperada para o IPCA-15 deste mês, diz o economista Leonardo Costa, da Rosenberg Associados. De acordo com seus cálculos, a prévia da inflação oficial subiu 0,33% em dezembro, com recuo de 0,31% na parte de alimentação e bebidas, que pode ser explicado por uma retração de 0,61% dos alimentos no domicílio.

    Segundo Costa, as maiores safras colhidas este ano mantiveram as proteínas animais em declínio, e alguns itens in natura já reverteram a alta observada no mês anterior. “O choque benigno de alimentos detectado pelo Banco Central teve fôlego para chegar até dezembro”, afirma Costa. No início de 2018, a expectativa é que a inflação de alimentos volte ao campo positivo, mas com taxas ainda bastante modestas, acrescenta o economista.

    Na contramão do desempenho verificado na inflação dos alimentos, o grupo transportes saltou de 0,27% para 1,27% na passagem de novembro para dezembro, estima a Rosenberg. Nesse segmento, as passagens aéreas deverão ser responsáveis pelas maiores pressões inflacionárias. Esses preços já avançaram mais de 30% por causa do aumento da demanda neste fim de ano, diz Costa. Além disso, o economista menciona o impacto dos reajustes quase diários promovidos pela Petrobras, que devem ter levado os combustíveis a subir 2,7% na medição atual.

    Sem combustíveis e bilhetes aéreos, o IPCA-15 registraria alta de apenas 0,10% em dezembro, aponta a equipe econômica do Santander. Para o banco, o indicador ficou em 0,35% no mês, encerrando o ano com alta de 2,94%. “Os preços de alimentação no domicílio devem se manter em deflação, contribuindo para a continuidade da inflação em patamar baixo”, comentam os economistas em relatório.

    Nas estimativas do BNP Paribas, a inflação em 12 meses medida pelo IPCA-15 acelerou a 2,93% no último mês do ano, vindo de 2,77% em novembro. Para o IPCA fechado, a expectativa também é de variação pouco abaixo de 3% em 2017. “Vemos os preços aumentando ligeiramente, para algo em torno de 3,5% em 2018, ainda abaixo da meta perseguida pelo Banco Central.”

    Costa, da Rosenberg, projeta que o IPCA fechado do mês vai desacelerar para 0,19%. Assim, o indicador oficial subiria 2,69% no ano. A mudança do patamar 2 da bandeira vermelha para o primeiro patamar, que reduz o acréscimo nas contas de luz, o arrefecimento da alta da gasolina e os alimentos ainda em queda vão puxar a inflação para baixo no fim do mês, prevê o economista.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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