Forte depreciação eleva preocupações com bitcoin

    O bitcoin, a maior das criptomoedas, estendeu seu declínio durante o longo fim de semana de Natal, não conseguindo reverter uma onda de vendas iniciada após uma alta sem precedentes ter levado sua cotação para próxima do patamar de US$ 20 mil. A queda injeta mais dúvidas, neste fim de ano, a um mercado que na semana passada teve sua pior baixa, de quatro dias seguidos, desde 2015.

    “É o Ocidente que está provocando essa liquidação”, afirmou Mati Greenspan, analista sênior de mercado da corretora on-line eToro, com sede em Tel Aviv, citando mais negócios com dólares e menos envolvendo ienes. O recente surto das criptomoedas foi tão intenso que os investidores estavam propensos a tirar o dinheiro da mesa com a chegada do período das festas de fim de ano, disse ele.

    A queda não é típica para as criptomoedas, que muitas vezes recuperam-se após algumas sessões de declínio. A última vez que o bitcoin caiu em cinco dias úteis sucessivos foi em setembro e, antes disso, em julho. A baixa coincide com várias advertências de autoridades financeiras, na semana passada, sobre o elevado risco de possuir moedas digitais.

    “O mercado de criptomoedas foi a alturas astronômicas, então é preciso voltar à realidade”, disse Greenspan. “Algo que sobe 150% em menos de um mês provavelmente terá depois uma retração de dois dígitos.”

    O bitcoin registrava depreciação de 2,7% em relação ao fechamento de sexta-feira, para US$ 13.850, ontem em Nova York, quando a maioria dos mercados nos EUA fechou devido ao Natal. Isso significa 29% abaixo do máximo recorde de US$ 19.511, com base em preços compilados pela Bloomberg.

    Já o ethereum, a criptomoeda número dois em valor de mercado, valorizou na segunda-feira, chegando a valer US$ 721,25. Isso representa uma alta de aproximadamente 6% em comparação com o fechamento na sexta-feira.

    Embora “as criptomoedas nascentes baseadas em ‘Blockchain‘ estejam entrando rapidamente no meio financeiro tradicional”, algumas das moedas digitais de segunda geração, como o ethereum, têm uma perspectiva melhor do que o bitcoin, afirmou Mike McGlone, analista da Bloomberg Intelligence, em comentários publicados no domingo. O grupo como um todo é similar às empresas baseadas na internet de algumas décadas atrás e, mais recentemente, aos fundos negociados em bolsa, avaliou o analista.

    “O bitcoin é o referencial das criptomoedas, mas não a melhor representação da tecnologia”, escreveu McGlone. Moedas alternativas “deverão continuar a ganhar terreno sobre o bitcoin, que tem falhas, e onde contratos futuros permitem apostar contra a moeda”, disse.

    A cotação recorde do bitcoin foi registrada em 18 de dezembro, após o CME Group ter iniciado negócios com contratos futuros que, segundo alguns operadores, fomentarão exposições a posições vendidas.

    Michael Novogratz, um ex-gestor macro e ex-operador do Goldman Sachs que se transformou num dos maiores propagandistas do bitcoin, abandonou seus planos de constituir um fundo hedge de criptomoedas e prevê que a moeda digital poderá estender sua queda até US$ 8 mil.

    “Não estávamos gostando das condições do mercado e queríamos reavaliar o que estamos fazendo”, disse Novogratz em entrevista por telefone. “Me parece [uma atitude] muito inteligente apertar o botão de pausa neste momento”, afirma.

    Novogratz afirmou ter dito disse a potenciais investidores, na semana passada, que mudara de opinião dois dias antes de o Galaxy Digital Assets Fund ter iniciado seus negócios, em 15 de dezembro. Novogratz citou um número crescente de obstáculos, entre eles a perspectiva de comprar Bitcoins ou ethereuns, para seus clientes, ao mesmo tempo que está revertendo os investimentos em criptomoedas de sua carteira pessoal. “Eu não queria ter que lidar com o lado emocional esquizofrênico”, disse Novogratz. “Há muitos conflitos nesse negócio. Seria mais complicado do que eu queria”, completou.

    Os problemas recentes com criptomoedas vão além da queda abrupta de suas cotações. Na semana passada, uma corretora de criptomoedas da Coreia do Sul quebrou, após sofrer um segundo ciberataque em oito meses e perder uma grande quantia da sua reserva de moedas digitais. A Yapian, empresa que opera a instituição chamada Youbit, suspendeu a negociação de moedas digitais e entrou com pedido de falência após seus sistemas serem hackeados.

    A Yapian disse que o ataque provocou a perda de 17% do seu total de ativos. A Yapian não revelou o tipo de moeda virtual que foi roubada ou o valor financeiro da sua perda. Usuários da empresa que tinham moedas digitais nas suas carteiras receberam um comunicado afirmando que poderiam retirar apenas de 75% de seus ativos no momento. (Com agências internacionais)

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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