Marun: governo vai condicionar liberação de recursos a apoio à reforma

    MINISTRO DIZ QUE FINANCIAMENTOS DE BANCOS PÚBLICOS SÃO ‘AÇÕES DE GOVERNO’

    Autor: LETICIA FERNANDES leticia.fernandes@bsb.oglobo.com.br

    -BRASÍLIA E RIO- Novo ministro da articulação política da Presidência da República, Carlos Marun admitiu, ontem, que o governo está condicionando a liberação de financiamentos na Caixa Econômica Federal pedidos por governadores ao apoio à Reforma da Previdência. Marun negou que esteja chantageando governadores e chamou a ofensiva de ‘ação de governo’.

    – Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei onde. Obviamente, se são na Caixa, no Banco do Brasil ou no BNDES, são ações de governo. Nesse sentido, entendemos que deve, sim, ser discutido com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a Reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil – disse Marun, após se reunir com o presidente Michel Temer.

    O ministro admitiu que os governadores que não colaborarem poderão ter maior dificuldade na liberação desses empréstimos. Marun disse esperar ‘reciprocidade’ dos estados, com votos a favor da reforma previdenciária.

    – O governo vai atuar nessa questão com a seriedade e a gravidade que a questão possui. Realmente, o governo espera daqueles governadores que têm recursos a serem liberados, financiamentos a serem liberados, uma reciprocidade no que tange à questão da Previdência – reconheceu. MINISTRO NEGA CHANTAGEM Ele negou qualquer grau de chantagem nas negociações:

    – Eu não entendo que seja chantagem do governo atuar no sentido de que um aspecto tão importante para o Brasil se torne realidade, que é a modernização da Previdência.

    Para ele, é justo pedir essa ‘reciprocidade’, já que os parlamentares serão beneficiados eleitoralmente pelos recursos financiados:

    – Nós realmente estamos conversando com governadores que têm financiamentos para serem liberados para que nos ajudem a aprovar a reforma. Até porque os parlamentares ligados a esses governadores, em função das ações que serão resultado desses financiamentos, terão aspectos eleitorais positivos.

    As declarações de Marun não foram comentadas pelo Palácio do Planalto nem pelo Ministério da Fazenda. Técnicos da área econômica afirmaram que não há como, hoje, condicionar liberação de empréstimos a aprovação de medidas no Congresso. As Instituições Financeiras têm regras a seguir. CONVERSAS E OTIMISMO Procurado, o Banco do Brasil afirmou que suas diretrizes para concessão de financiamentos ‘obedecem a rigorosos padrões técnicos e são pautadas por seus interesses negociais’. Já o BNDES informou não ter localizado qualquer porta-voz que pudesse comentar as declarações do ministro Marun. O GLOBO também procurou a Caixa via e-mail, mas não obteve resposta até o fim da edição.

    Sobre a reunião com Temer, Marun relatou ter dito ao presidente que está otimista em relação à aprovação da Reforma da Previdência. O ministro disse que se reunirá, hoje, com Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e que o relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), também será convidado.

    – Posicionei o presidente a respeito das razões do meu otimismo. Tenho conversado diariamente com dezenas de parlamentares, e essas conversas têm transformado minha confiança em certeza de que vamos aprovar em fevereiro a Reforma da Previdência – explicou Marun.

    Fonte: O Globo

    Matéria anteriorForte depreciação eleva preocupações com bitcoin
    Matéria seguinteSaque acima de R$ 50 mil terá de ser informado com três dias de antecedência