Ata mostra Fed atento a efeito de corte de impostos

    De São Paulo

    Os integrantes do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) expressaram maior confiança no mercado de trabalho e na economia em geral na sua última reunião de política monetária, de acordo com a ata divulgada ontem. Os integrantes do Fed discutiram se os cortes tributários no país, no valor de US$ 1,5 trilhão, aprovados pelo Congresso americano após a realização da reunião, obrigariam o BC a elevar a taxa de Juros de referência mais rapidamente neste ano.

    “Os integrantes discutiram vários riscos que, se concretizados, poderiam exigir uma trajetória de elevação dos Juros mais acentuada”, apontou a ata. “Estes riscos incluem a possibilidade de que a pressão inflacionária suba mais do que o esperado (…), talvez devido aos estímulos fiscais ou às condições de mercado acomodatícias.”

    De acordo com a medida de inflação preferida pelo Fed, o índice de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), os preços ao consumidor subiram 1,8% em novembro, na base anual, mas a aceleração dos preços refletiu, em grande parte, a alta dos preços de energia. O núcleo da inflação apontou alta menor, de 1,5%, na base anual em novembro.

    Na reunião de dezembro, os integrantes do Fed elevaram as projeções de crescimento para os próximos anos, com base na perspectiva de aprovação da reforma tributária, o que acabou se confirmando uma semana após a reunião. No entanto, as novas projeções sugerem que o impulso dado pela reforma tributária não seria grande o suficiente para acelerar o ritmo de elevação da taxa de Juros para se proteger de uma disparada da inflação.

    A ata sinaliza que os integrantes esperam que a reforma tributária impulsione os gastos dos consumidores, mas a magnitude disso permanece incerta. Os integrantes do Fed também viram um impulso potencial nos investimentos corporativos. A ata aponta, no entanto, que os integrantes do Fed não têm certeza de que os cortes tributários venham a impulsionar os investimentos ou se as companhias usariam esses estímulos para reduzir o seu endividamento ou recomprar ações.

    Tudo isso faz com que a inflação seja a questão mais importante para o Fed neste ano. Caso os dados inflacionários mais fracos continuem a contrariar as projeções do Fed, de que o índice voltará aos 2% no médio prazo, o BC pode continuar elevando os Juros lentamente. Mas se a inflação ganhar ímpeto, isso poderia levar os integrantes do BC americano a elevar os Juros mais agressivamente.

    A ata também aponta que os integrantes do Fed discutiram o achatamento da curva de “yields” (rendimentos) dos títulos soberanos americanos, que é a redução do spread entre os retornos de curto e longo prazo dos Treasuries. Nas últimas décadas, uma inversão da curva, que é quando os yields de curto prazo ultrapassam os de longo, foi seguida por uma recessão.

    Os integrantes do BC americano “em geral concordam que o achatamento atual da curva de Juros não é incomum de acordo com padrões históricos”, em especial dadas as estimativas dos investidores de que as taxas subirão a um ponto de equilíbrio mais baixo do que no passado. (Com agências internacionais)

    Fonte: Valor Econômico

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