Bancos devem lucrar R$ 16,5 bi no 4º tri

    Com o pior momento da crise cada vez mais distante no retrovisor, os grandes bancos brasileiros devem registrar outro trimestre de alta nos lucros dos balanços que começam a sair nesta semana. O resultado combinado de Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil deve atingir R$ 16,5 bilhões no quarto trimestre de 2017. O número representa um aumento de 19% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a projeção média de analistas.

    A melhora nos resultados vem principalmente do lado das despesas, mais especificamente das provisões para calotes no crédito, que fizeram estrago nos balanços dos bancos em 2016. A recuperação é consequência direta da queda da inadimplência, tendência que já se viu no terceiro trimestre e deve se manter nos resultados dos últimos três meses de 2017.

    “Esperamos que os bancos brasileiros se beneficiem de uma melhora adicional na qualidade dos ativos no quarto trimestre”, escrevem os analistas do Goldman Sachs, em relatório a clientes. Ao mesmo tempo, o banco americano prevê uma maior pressão nas margens das instituições.

    Os números do quarto trimestre devem mostrar com mais nitidez os efeitos da queda da Taxa Básica de Juros (Selic), segundo analistas. A expectativa é que as margens registrem queda à medida que os empréstimos antigos vençam e sejam renovados com taxas mais baixas, em linha com a redução da Selic.

    “O crescimento do crédito pode começar a acelerar, mas deve continuar fraco e as margens enfrentam a pressão dos Juros mais baixos”, afirma o Deutsche Bank em relatório assinado pelo analista Tito Labarta. Ele prevê retração de 4% no portfólio do Bradesco, queda de 3% para Itaú Unibanco e Banco do Brasil e alta de 5% no caso do Santander, na comparação entre o fim do ano passado e dezembro de 2016.

    Para o UBS, o portfólio de crédito combinado das quatro grandes instituições ainda deve mostrar queda de 1% na comparação anual, mas o ritmo de retração será menor que o apresentado nos trimestres anteriores. Mais otimista, o Itaú BBA vê boas chances de que a maioria dos bancos apresente alta, ainda que modesta, no saldo das operações de crédito, com o empurrão do segmento de pessoas físicas.

    De qualquer forma, uma recuperação mais firme das operações de empréstimos e financiamentos só deve começar a aparecer nos resultados deste ano. “Para 2018, esperamos a volta do crescimento do crédito, com melhor qualidade, o que deve compensar o impacto da queda da Selic na receita dos bancos”, afirmam os analistas da BB Investimentos.

    Enquanto isso não acontece, os analistas esperam que os bancos continuem mostrando forte controle de custos – o que também é uma forma de contrabalançar a pressão da Selic sobre a margem. A exceção deve ficar por conta do Santander, que está num ritmo de crescimento de balanço mais forte que os concorrentes. O banco de origem espanhola abre a temporada de balanços hoje com uma alta esperada de 29% no lucro do quarto trimestre – que deve ficar em R$ 2,572 bilhões, segundo a média das estimativas.

    A mudança do Santander em direção a um mix de crédito com maior ênfase em pessoas físicas deve gerar um impacto positivo nas margens dessas operações, que podem mostrar crescimento no quarto trimestre, segundo relatório do Itaú BBA. No entanto, dizem os analistas da casa, a margem financeira do banco deve cair com a redução nos resultados de operações de tesouraria, que vieram mais fortes que o normal nos trimestres recentes.

    O crescimento mais forte no lucro é esperado para o Banco do Brasil – uma alta de 61%, na média das projeções. A expectativa é que margem e crédito apresentem desempenho parecido com o dos pares, mas o controle de custos deve permanecer forte. O J.P. Morgan prevê redução de 5,7% nas despesas gerais e administrativas do BB no quarto trimestre, principalmente em razão de menores gastos com pessoal. No entanto, o banco americano ainda vê riscos na qualidade dos ativos e na exposição da instituição a determinados créditos corporativos.

    Na outra ponta, o Itaú Unibanco deve ser o banco com menor expansão no lucro, decorrente de um desempenho ainda lento do crédito e pressão na margem. “A margem financeira pode cair por causa das taxas de Juros mais baixas, mas deve estar se aproximando de um piso”, diz o Deutsche Bank. A instituição, no entanto, deve se manter a mais rentável – com um retorno sobre o patrimônio líquido novamente na casa dos 20%. Para o Bradesco, os analistas em geral esperam boas notícias no crédito. Apesar de continuar em queda na comparação anual, a expectativa é que os números dos últimos três meses do ano mostrem sinais de recuperação nos financiamentos.

    Algumas casas de análise veem o quarto trimestre como um período de transição, com o pior da inadimplência ficando para trás e sinais de recuperação do crédito. Porém, 2018 vai impor novos desafios às Instituições Financeiras, “com crescimento limitado nos lucros na medida em que um menor custo de risco (decorrente do fim do ciclo de inadimplência) será ofuscado pelas margens mais baixas”, segundo o Goldman Sachs.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

    Matéria anteriorTesouro precisa de R$ 208 bi para cumprir ‘regra de ouro’ em 2018
    Matéria seguinteCartão e cheque especial ainda têm juros superiores a 300%