Itaú vê manutenção de spread apesar de agenda do BC

    Itaú vê manutenção de spread apesar de agenda do BC

    A agenda do Banco Central para a redução dos spreads de crédito e a queda dos Juros não devem ter maiores efeitos para os resultados do Itaú Unibanco. O maior banco privado do país prevê que a margem entre o custo de captação e dos empréstimos se mantenha ao longo deste ano. “Achamos que há um equilíbrio entre oferta e demanda na economia. A demanda possivelmente crescerá e a oferta também”, afirmou a jornalistas o presidente do Itaú, Candido Bracher.

    A atuação do BC para a redução dos spreads se dá em linhas mais específicas, como o cartão de crédito, segundo Bracher. “Esse impacto se fez sentir em 2017 e está incluído nas nossas projeções para este ano”, afirmou. Sobre as taxas do Cheque especial, ele disse que as discussões entre Febraban e governo devem caminhar para uma melhor orientação dos bancos aos clientes sobre o uso mais adequado do produto. “Isso pode afetar um pouco o spread, mas o crescimento da carteira e da demanda compensarão [esse efeito]”, afirmou.

    O Itaú projeta uma expansão de 4% a 7% no crédito neste ano. O avanço deve vir principalmente das linhas voltadas a pessoas físicas e pequenas empresas, que contam com spreads maiores. Foram elas que puxaram a alta de 3,2% na carteira do banco nos últimos três meses de 2017. No ano, o saldo ainda fechou em queda de 0,8%, mas o resultado com crédito apresentou a primeira criação de valor para o banco em três anos, segundo Bracher.

    O Itaú registrou no ano passado um lucro de R$ 24,9 bilhões, alta de 12,3% em relação a 2016. Os investidores reagiram bem aos números e às estimativas do banco para o desempenho neste ano. As ações subiram 3,6% e movimentaram pouco mais de R$ 3 bilhões no pregão de ontem da B3 – maior volume da bolsa.

    Enquanto as linhas para o varejo começam a reagir, os empréstimos às grandes empresas só devem se recuperar em 2019. A demanda de crédito dessas empresas está relacionada a planos de investimento, que, por sua vez, dependem de clareza de visão em relação ao futuro, de acordo com o presidente do Itaú.

    Questionado sobre o potencial impacto da disputa eleitoral nas operações do banco, Bracher disse que não há como evitar uma eventual volatilidade. “É como estar na chuva, faz parte da nossa atividade”, afirmou. Entre as áreas do banco, as mais sensíveis são as que lidam com o mercado, como a tesouraria. Também por conta das eleições, ele espera uma maior atividade dos negócios de banco de investimentos, como aberturas de capital e fusões e aquisições, no primeiro semestre. No que diz respeito ao crédito, a expectativa do presidente do Itaú é que a carteira se comporte de forma homogênea ao longo do ano.

    Junto com o balanço, o Itaú anunciou uma distribuição total de R$ 17,6 bilhões em dividendos. Incluindo as recompras de ações realizadas ao longo do ano, o banco pagou o equivalente a 83% do lucro do ano passado a seus acionistas. Bracher disse que esse percentual pode variar a cada ano, dentro do objetivo do banco de um índice de capital de 13,5%. Pelas contas do Credit Suisse, com base nas projeções do Itaú para o resultado deste ano, o pagamento de dividendos neste ano pode ficar entre 75% e 80% do lucro.

    A distribuição de dividendos também pode ser menor dependendo de possíveis aquisições, mas Bracher afirmou não ver oportunidades nem no Brasil nem no exterior. A compra mais recente do Itaú foi a da participação na XP Investimentos, que ainda aguarda julgamento no Cade. Ele afirmou não antever maiores problemas para a aprovação da operação e disse aguardar a análise do caso para em breve, sem especificar uma data.

    Sobre as operações no exterior, Bracher disse que o início da condução do banco chileno CorpBanca foi mais difícil que o esperado. Além das dificuldades normais da integração, ele citou o desempenho mais fraco das economias do Chile e da Colômbia nos últimos 18 meses, quando o Itaú assumiu o banco. Bracher também citou problemas pontuais de crédito nos dois países, mas que já foram tratados. “Esperamos que paulatinamente o índice de retorno seja trazido para padrões mais próximos de mercado”, afirmou.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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