Startups crescem no setor financeiro onde atendimento de bancos é precário

    A crise financeira dos últimos anos chegou ao fim e a economia melhora gradualmente. Porém, mesmo com o Produto Interno Bruto (PIB) voltando a crescer, muitas pessoas ainda procuram formas de economizar, gastar menos e investir em alternativas financeiras menos custosas. É nesse mercado que as fintechs, as startups do sistema financeiro, vêm se destacando. Com soluções tecnológicas práticas e inovadoras para as demandas dos clientes, elas têm provocado uma verdadeira revolução no setor. Elas atendem boa parte da chamada geração Y, que procura resolver problemas de maneira rápida e personalizada. E a concorrência está obrigando as instituições financeiras tradicionais a sair do comodismo e a investir na melhora do atendimento e em inovação.

    Um dos casos mais famosos é o do Nubank, que mudou a vida do professor particular André Marques, 23 anos. Como não possui um salário fixo, ele passou a controlar seu limite de crédito de acordo com o quanto recebe pelas aulas. Tudo possível devido às facilidades que o Nubank oferece. “Peguei meu cartão do Nubank no fim de 2015. Como não tinha anuidade, comecei a usar e, quanto mais fui usando, mais aumentou o limite”, conta.

    Outro diferencial da startup é não ter uma agência fixa. Todos os problemas são resolvidos por intermédio do aplicativo. “Há mais atenção ao cliente do que nos bancos convencionais, incluindo um chat para tirar dúvidas no próprio app”, informa André.

    Com o cartão, André consegue adquirir passagens aéreas e pacotes de viagem pelo programa de milhas, fazer compras on-line e até custear consumos mais convencionais. “Não uso mais outro cartão de crédito”, diz. Para ele, no futuro, os serviços de cartão serão parecidos com os oferecidos pela fintech. “É difícil mudar esse setor, mas acho que o futuro pertence às startups”, afirma.

    Sob medida

    Os serviços das fintechs, no entanto, não giram apenas em torno de cartões alternativos aos dos bancos tradicionais. A criação e a inovação fazem parte do conceito de startup, logo, não há limite para o que elas podem oferecer.

    A “Scorefy” disponibiliza para os clientes um serviço de consulta a dois grupos: pessoas endividadas e as que querem e podem investir. “O aplicativo analisa a situação financeira da pessoa e mostra como pagar uma dívida da melhor forma. É um servidor inteligente que auxilia o cliente”, explica Patrick Nascimento, CEO da Scorefy. Isso é feito por meio  de soluções financeiras sob medida. “Nós ofertamos serviços adaptados ao momento financeiro do cliente”, diz Nascimento. As opções vão de oportunidades de crédito a levantamento de dívidas e balanços patrimoniais. “A partir de um estudo prévio, conseguimos entregar aos clientes aquilo de que eles precisam”, afirma.

    Já que a questão é resolver problemas, a empresa Onsurance foi direto ao ponto. A fintech, dirigida pelo CEO Ricardo Bernardes, foca em um sistema de seguro que o consumidor pode ativar e desativar quando bem entender, permitindo  que pague somente pelo tempo em que efetivamente utilizou o serviço.

    Paradigmas

    “Trabalhamos com proteção on demand. Você liga na hora em que quiser proteção para seu veículo, por exemplo”, enumera. Para Ricardo, não faz sentido pagar por um seguro de carro enquanto ele está na garagem, ou seja, fora de risco, em tese. Hoje o serviço se estende a carros, motos e bicicletas, mas a ideia é que, no futuro, abranja todo tipo de equipamento. “Mais para a frente, vamos ter seguros para câmeras fotográficas, computadores etc. Acredito que a Onsurance vai contribuir muito para quebrar paradigmas no setor”, aposta.

    As fintechs não estão crescendo por acaso, observa José Luiz Rodrigues, sócio titular da JL Rodrigues, Carlos Átila e Consultores Associados e membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).  “Elas são empresas formadas para complementar atividades do setor financeiro”, diz. Para ele, as fintechs estão focadas nas brechas, nas falhas de atendimentos e na necessidades de melhorar os serviços das instituições tradicionais. “A competição que elas criam é o grande diferencial. Ela leva o sistema financeiro a se mexer”, diz. “No futuro, não teremos apenas o modelo bancário tradicional. A mudança tecnológica não tem volta. Agora é a era digital, mais ágil.”

    Fonte: Correio Braziliense

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