Por Eduardo Campos | De Brasília
As discussões sobre a autonomia do Banco Central voltaram ao foco depois que tal possibilidade foi incluída em uma lista de projetos prioritários do governo após a Reforma da Previdência sair da pauta. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, concedeu entrevista ontem à “Bloomberg” na qual tratou sobre o tema.
Na entrevista, Ilan disse que a opinião do BC é a de que mudanças na autonomia da instituição devem ser válidas para o futuro, mas não para a diretoria atual. “A decisão é do governo”, completou. “Não estamos querendo fazer nada de muito diferente do que existe no mundo todo”, acrescentou.
Ontem Ilan se reuniu com o presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para tratar do assunto. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se disse favorável ao projeto, mas ponderou que essa não é uma matéria simples de ser votada.
Além de prever mandato fixo para presidente e diretores, algo defendido por Ilan na entrevista à “Bloomberg”, a proposta que está sendo costurada pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), atribuiria duplo mandado ao BC, que além de cuidar da inflação também passaria a olhar o crescimento. O Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), tem duplo mandato, de inflação e pleno emprego, mas tem liberdade para priorizar objetivos.
“O BC opera sobre o regime de metas de inflação desde 1999, com foco no objetivo de inflação, o que tem servido bem ao país. A lei de autonomia do BC deve consagrar o que já existe hoje de facto. O crescimento sustentável é um objetivo do governo como um todo, consequência do aumento de produtividade e eficiência na economia. O BC, ao gerar estabilidade monetária e financeira, contribui para o crescimento do país”, afirmou em nota a assessoria do BC após ser questionada sobre as afirmações do presidente.