Brink’s cria empresa para monitorar dinheiro

    A Brink’s, uma das três maiores empresas de transportes de valores do país, reforça o braço de tecnologia voltado a transações financeiras como parte do plano de diversificar negócios. Para isso, criou uma nova empresa, a Trustion, em sociedade com a Accesstage, especialista em conectividade financeira.

    A meta do presidente da Brink’s, Fernando Sizenando, é gerar 10% do faturamento do grupo com novos negócios de tecnologia.

    A Trustion, que é 51% da Brink’s e 49% da Accestage, fica sob o guarda-chuva da Brink’s Tech, divisão lançada pela empresa de segurança há um ano.

    A Trustion vai prestar serviços relacionados a meios de pagamento. Uma rede de varejo, por exemplo, que aceita pagamento em vários pontos de venda de diferentes formas – Cédulas, cheques, cartões de crédito, débito e voucher – pode monitorar essas movimentações em tempo real, checando se as entradas de recursos batem, ao fim do dia, com seu caixa e com sua conta bancária.

    “A Brink’s detém a inteligência em processos de movimentação de numerário e gestão financeira. A companhia sabe identificar qualquer inconsistência de informações no trânsito de valores”, disse o presidente da Brink’s. A Accestage, por sua vez, conecta 120 mil empresas a 80 bancos. Ela desenvolve softwares e processos para gerir a cadeia financeira desses clientes.

    O transporte de valores e serviços de segurança em logística de ativos de alto valor agregado ainda é o grande negócio da Brink’s no país – representam cerca de 95% da receita. Mas, a empresa quer expandir o raio de atuação para capturar novas demandas.

    O Brasil é o maior mercado da Brink’s na América do Sul, região que responde por 29% dos US$ 32 bilhões que a companhia sediada em Richmond (EUA), faturou em 2017. Desde 2016, a empresa não abre dados por país – exceto Estados Unidos. Naquele ano, o Brasil gerou vendas de US$ 286 milhões.

    Sizenando disse que a operação brasileira cresceu acima da inflação em 2017, mas abaixo da média do grupo na América do Sul. Incluindo os efeitos cambiais, as vendas nessa região cresceram 19%. No mundo, o aumento foi de 4%.

    Para 2018, Sizenando espera ter no Brasil um desempenho melhor que o de 2017. Observou que há incertezas, como as eleições no segundo semestre, que podem afetar a demanda corporativa por serviços de segurança privada no país.

    Sizenando não quis comentar o impacto que a intervenção federal na área de segurança pública no Rio de Janeiro e a violência em grandes centros metropolitanos do país pode provocar nos negócios da Brink’s. Segundo o dado mais recente do Instituto de Segurança Pública (ISP), o roubo de carga no estado do Rio de Janeiro bateu recorde no ano passado, com aumento de 7,3%. No Brasil, os ataques a carros-forte cresceram 58% ante 2016.

    Além da nova empresa de tecnologia, a Brink’s investe em infraestrutura. Esse mês, inaugurou no interior de São Paulo o Armazém Brink’s, em Indaiatuba. A área de 2,7 mil metros quadrados é uma instalação de alta segurança construída com especificações similares as das bases de transporte de valores.

    “O ‘Armazém Seguro’ serve para gestão de risco de mercadorias de alto valor agregado importadas, no trajeto entre a saída do aeroporto e a entrega ao cliente final. Há empresas que não querem esses ativos em seus estoques até a utilização e preferem pagar para manter o ativo em local seguro”, disse Sizenando, apontando que essa área vai complementar a logística de produtos que chegam ao país pelo aeroporto de Viracopos, onde a Brink’s tem área própria controlada para itens alfandegados.

    Perguntado se o roubo dos US$ 5 milhões no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), no domingo retrasado, ocorreu nessa área, o executivo disse que a ação aconteceu em área fora do controle da Brink’s. “Não posso falar mais que isso porque está sob investigação. Estamos colaborando com as investigações”, disse. A carga seguia do Brasil para a Europa em voo da Lufthansa Cargo.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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