Presidente do BC mantém porta aberta para novo corte de juros

    A apenas uma semana da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o presidente do Banco CentralIlan Goldfajn, manteve a porta aberta para um corte adicional de 0,25 ponto percentual da taxa básica Selic. Ontem, em evento promovido pelo Brazil – Florida Business Council, em São Paulo, o comandante da autoridade brasileira reforçou o discurso sobre o crescimento da atividade, a queda dos Juros e ressaltou o otimismo pelo fato de a inflação ter começado 2018 abaixo do esperado.

    Segundo Ilan, o “processo de inflação baixa prossegue [nos próximos meses]”, o que possibilita “continuar a conjuntura atual” de política monetária.

    Conforme o presidente do BC, o “cenário base é de inflação em direção às metas, com recuperação consistente da atividade”. Ele apontou para uma estimativa de inflação de 4,2% tanto em dezembro de 2018 quanto no último mês de 2019. O chefe do BC lembrou ainda que a expectativa em 12 meses está em 3,70%, com projeção de Juros reais de 3% ao ano.

    Ilan repetiu a explicação de outras palestras nas quais apontou para alguns fenômenos que ajudam a manter a inflação baixa, como a alta ociosidade tanto de capacidade produtiva quanto de mão de obra. “Tem capacidade ociosa em termos de utilização do capital das empresas, mas já existia em 2015 e 2016, o que está diferente é que lá atrás em 2016 tinha uma expectativa de inflação de 8% para frente. No auge da incerteza, todo mundo achou que a inflação ia ficar bem alta. Talvez não 11%, mas que caísse um pouco para 8%.”

    Ilan lembrou, no entanto, que ao longo do tempo, no meio de 2016, a expectativa para o futuro passou para 5% de inflação ao ano, “bem mais perto” de 4,5%, que era a meta. “E o realizado é o número que vocês veem aí até agora.”

    O risco “positivo” de a inflação ficar baixa por mais tempo do que o previsto foi um fator apontado pelo presidente do BC. “Mesmo com a economia rodando em 3% [de crescimento], pode ser que nossa inércia nos empurre a ter inflação baixa por mais um tempo e isso faz com que o cenário básico – que é uma volta da inflação para a meta – possa repercutir mais inflação baixa por algum tempo.”

    Há três fenômenos estruturais relevantes na economia, destacou Ilan: a queda da inflação, os Juros em patamares baixos e a recuperação da atividade. O presidente do BC lembrou que o recuo da inflação é importante e interfere na economia, nos salários reais e dá mais estabilidade para o cenário, além de permitir a queda dos Juros. “Ela faz diferença para a política monetária e aí conseguimos lidar com o segundo fenômeno: Taxa Básica de Juros mais baixa. Hoje é a mais baixa da série desde que foi implementada”, afirmou.

    O papel do Banco Central hoje é sustentar tanto a inflação quanto a taxa de Juros em patamares mais baixos, considerou o presidente da instituição. “Nosso objetivo hoje, ficar com inflação baixa e taxa de Juros baixa por muito mais tempo. E é muito mais fácil perder peso na dieta do que mantê-lo [baixo] depois por muito tempo, e hoje estamos tentando manter essa queda que foi observada.”

    A taxa Selic saiu de 14,25% ao ano e, atualmente, está em 6,75%, no nível mais baixo já visto, afirmou. Segundo o presidente do BC, a queda “pode ter sido a mais rápida da história”. Apesar da velocidade desse recuo, o representante da autoridade monetária explicou que, diferentemente de quando a Selic chegou a 7,25% em 2012, a queda dos Juros hoje “é percebida como algo sustentável e responsável.”

    Em relação ao crescimento econômico, o presidente do BC ressaltou as expectativas positivas na visão dos analistas. Segundo Ilan, o mercado projeta crescimento de 2,9% neste ano e de 3% para o ano que vem. “A recuperação do PIB é melhor que o esperado”, afirmou.

    Em termos de riscos negativos, Ilan explicou que a visão do BC incorpora a possibilidade de ocorrer um choque interno, devido a uma deterioração de expectativas, com falta de reformas, ou externo, se houver uma aceleração do ritmo de subida de Juros nos EUA e a mudança de rumo das políticas monetárias de outras economias.

    Fonte: VALOR ECONÔMICO

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