Em palestra na FGV, Paulo Guedes compara a atual situação do servidor a de um parasita. Brasil é “o hospedeiro morrendo”.
Durante evento que ocorreu nesta sexta-feira, 07, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou o servidor público a um ‘parasita’.
A analogia foi feita quando o ministro defendia a proposta da reforma administrativa.
“O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático”, disparou.
Guedes fez críticas ao atual modelo de reajustes salariais dos servidores. Segundo ele, o servidor já possui privilégios como ‘aposentadoria generosa’ e a estabilidade no emprego.
O ministro comparou, ainda, o atual sistema de reajustes do serviço público no Brasil e com o dos Estados Unidos.
“Nos Estados Unidos ficam, quatro, cinco anos sem dar reajuste e quando dão todo mundo fica ‘oh, muito obrigado’. Aqui o cara é o obrigado a dar porque está carimbado e ainda leva xingamento, ovo, não pode andar de avião.”
Por fim, Guedes alegou que a maioria da população é favorável ao não reajuste. E mais. Segundo o ministro, de acordo com pesquisa realizada pelo Data Folha, em janeiro, o povo é a favor da demissão de funcionários públicos.
“A população não quer isso [reajuste automático do funcionalismo público]. 88% população brasileira é a favor, inclusive , de demissão no funcionalismo público”.
Servidores rebatem as declarações
Após as declarações de Paulo Guedes, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Tipicas de Estado (Fonacate) publicou uma nota em repudio ao ministro.
Além da nota, o presidente do Fórum, Rudinei Marques, postou um vídeo defendendo o servidor e disparou: “Temos sim parasitas na Administração Pública. São os operadores de mercado que vêm ganhar dinheiro com o Estado”.
Por sua vez, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) publicou em seu site uma nota de repúdio.
Nela, a Unafisco diz que o O assédio institucional que vem sendo praticado por Guedes, em relação aos servidores públicos, já ultrapassa os limites legais e merece reação à altura.
Em nota a Associação ainda diz:
“Se partilhássemos da descompostura do ministro, poderíamos compará-lo a um serviçal do mercado, que promove a falência do Estado em detrimento do povo brasileiro”.
Confira a nota na integra:
Já o O Sinal – Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central classificou o discurso de Guedes de “tendencioso, recheado de inverdades e vazio de fundamentos técnicos”.
A nota oficial ainda diz que o ministro demonstra “lamentável desconhecimento sobre o serviço público” e que “quer induzir a sociedade a acreditar, entre outras barbaridades, que o servidor recebe reajuste salarial automático”.
O Sinal também lembra que “é de pleno conhecimento que o último acordo negociado com o governo data de 2015”.
Ministério da Economia se retrata
Após a má repercussão do discurso de Paulo Guedes, o Ministério da Economia publicou uma nota de esclarecimento.
“O Ministério da Economia esclarece que, após reconhecer a elevada qualidade do quadro de servidores, o ministro Paulo Guedes, analisou situações específicas de estados e municípios que têm o orçamento comprometido com a folha de pagamento. Durante evento no Rio de Janeiro, ele falou sobre entes da Federação que estão com despesas acima do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Nessa situação extrema, não sobram recursos para gastos essenciais em áreas fundamentais como saúde, educação e saneamento.
O ministro argumentou que o país não pode mais continuar com políticas antigas de reajustes sistemáticos. Isso faz com que os recursos dos pagadores de impostos sejam usados para manter a máquina pública em vez de servir à população: o principal motivo da existência do serviço público. O ministro defendeu uma reforma administrativa que corrija distorções sem tirar direitos constitucionais dos atuais servidores.
O ministro lamenta profundamente que sua fala tenha sido retirada de contexto pela imprensa, desviando o foco do que é realmente importante no momento: transformar o Estado brasileiro para prestar melhores serviços ao cidadão”.
Fonte: Folha Dirigida