Hamilton Ferrari | 10.jan.2024
Sinal culpa Campos Neto, pede reestruturação das carreiras da autoridade monetária e equivalência salarial ao Fisco e à PF
A greve de funcionários públicos do BC (Banco Central) provocará um “apagão” na autoridade monetária na 5ª feira (11.jan.2024), informou o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central). A paralisação deve durar 24 horas e resultar em interrupções operacionais, como atendimento ao mercado e ao público, cancelamento de reuniões, manutenção em sistemas e atraso em divulgações.
O sindicato publicou uma nota nesta 4ª feira (10.jan).
Funcionários públicos do BC fazem greve em insatisfação “ao tratamento dispensado às suas demandas, em meio a concessões assimétricas oferecidas a outras categorias típicas de Estado”. O Sinal pede reestruturação das carreiras do BC e equivalência salarial à Receita Federal e à PF (Polícia Federal).
O Sinal cobra a “urgência” de uma resposta do governo para corrigir disparidades entre as carreiras típicas. “O Sinal reitera a importância de um tratamento equitativo a todas as carreiras e ressalta que o Banco Central merece respeito, não sendo coerente atender apenas a Receita Federal e Polícia Federal”, disse.
O sindicato também disse que pessoas em cargos comissionados começaram o processo de entrega das funções. Os funcionários públicos que assumirem as vagas “comprometem-se a entregá-las caso as negociações com o governo não avancem, com a entrega efetiva prevista para a 1ª quinzena de fevereiro”.
O Sinal criticou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, pela pressa na aprovação da autonomia autoridade monetária, sancionada em 2021. O texto deu independência operacional ao BC, mas ainda é dependente do governo para questões financeiras.
“Ressalta-se a preocupação com a falta de diálogo e o alegado açodamento autoritário do presidente do BC na abordagem de questões relevantes, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Independência do Banco Central”, disse.
Afirmou que os funcionários públicos reivindicam uma discussão “mais ponderada e equitativa” sobre propostas de grande magnitude que afetam a instituição e “sua relação com autoridades do governo e agentes do mercado”.
Campos Neto tirou foto e apareceu ao lado de funcionários públicos do BC na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de 1º de novembro de 2023. Ele já disse não avaliar a falta de reestruturação como uma retaliação política do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Afirmou que sua maior frustração como presidente do BC é a falta de melhorias para o corpo de funcionários.
O presidente do Sinal, Fábio Faiad, criticou a postura de Campos Neto. Classificou-a como “autocrática”. Afirmou ainda que há “possível intenção” da cúpula do BC ter um tratamento salarial “diferenciado”, retirando-os do teto constitucional.
“Ele [Campos Neto] aconselha que diretores insatisfeitos busquem instituições que atendam às suas expectativas salariais, em vez de tentar mudar a estrutura do BC”, disse a nota.
Fonte: Poder 360