Socorro aos bancos

    DB

    Apesar do gás de R$ 100 bilhões dados ao sistema financeiro, por meio da liberação de depósitos compulsórios, logo depois do estouro da bolha imobiliária em setembro de 2008, o Banco Central não conseguiu evitar, ao longo dos últimos cinco anos, o fechamento de vários bancos. À época, como deixou claro o então presidente do BC, Henrique Meirelles, o objetivo era irrigar, sobretudo, o caixa das pequenas e médias instituições, que viram as linhas de crédito secar logo depois da derrocada do gigante norte-americano Lehman Brothers. Se elas não fossem socorridas, haveria uma quebradeira em série no país, o que levaria a economia brasileira para uma grande depressão.

    Conforme, porém, BC foi fechando as torneiras, os problemas se tornaram evidentes, em especial no caso de bancos que vinham operando de forma irregular, como o Panamericano, ou que foram vítimas de uma corrida bancária, como o Unibanco, absorvido, sem traumas, pelo Itaú, em 2009. No caso do Panamericano, além da possibilidade de vender parte das carteiras de crédito para os bancões — pelo menos R$ 24 bilhões dos compulsórios liberados pela autoridade monetária tinham como objetivo esse tipo de transação —, o governo mandou a Caixa Econômica Federal comprar 49% da instituição controlada, naquele momento, por Sílvio Santos. Mas não houve jeito. As fraudes eram tantas, que o BC interveio e o Panamericano, para não fechar as portas, foi arrematado pelo BTG Pactual.

    Depois dele, saíram do sistema os bancos Schahin e Mattone, também vendidos, e foram liquidados extrajudicialmente o Morada, o Cruzeiro do Sul, o Rural, o BVA, o Prosper, o Simples e o Mais. “A boa notícia é que todo esse processo foi feito sem traumas, reforçando, de alguma forma, a solidez do sistema financeiro nacional”, diz Ricardo Rocha, professor do Insper. No entender dele, o enxugamento pelo qual vem passando o mercado bancário é saudável.

    Há, no entanto, quem critique o sistema de fiscalização do Banco Central. Mais preocupado em conter o risco sistêmico, a instituição deixou de vasculhar, com lupa, o que os bancos de médio e pequeno portes vinham fazendo. Agora, depois de sete trimestres consecutivos de prejuízos, o BC decidiu ver o que está ocorrendo no Banco Votorantim, que também, dentro de uma estratégia do governo de evitar o pior, acabou tendo 49% do capital absorvido pelo Banco do Brasil.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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