À espera da ata do Copom, juros futuros têm dia de alívio

    Por Antonio Perez | De São Paulo

    Os juros futuros experimentaram um dia de alívio ontem na BM&F, desgarrando-se do movimento de alta do dólar e do retorno dos títulos do Tesouro americano (Treasuries). Segundo estrategistas, após um aumento expressivo dos prêmios de risco, era natural que houvesse alguma acomodação das taxas.

    Entre os contratos com vencimento próximo, que captam as perspectivas para o rumo da taxa Selic, prevaleceu a expectativa pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a ser divulgada hoje, que pode chancelar as apostas de que o aperto monetário está perto do fim.

    O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2015 desceu de 10,74% para 10,67%. Isso revela uma migração para aposta majoritária em alta de 0,25 ponto percentual da Selic em janeiro, para 10,25% ao ano, quiçá marcando o fim do ciclo de alta. A perspectiva de que a Selic não vá tão longe foi desencadeada pelo comunicado da decisão do Copom na semana passada e reforçada pelo tropeço do PIB no 3º trimestre.

    Já as taxas dos contratos DI com vencimento distante – ligadas à percepção de risco – chegaram a ensaiar nova arrancada, acompanhando os Treasuries, mas acabaram perdendo força. Dados positivos do mercado de trabalho dos Estados Unidos levaram a taxa do Treasury de 10 anos a 2,848%, reflexo do aumento das apostas em retirada dos estímulos monetários nos próximos meses.

    Com máxima de 12,56%, o DI com vencimento em janeiro de 2017 fechou a 12,45% (ante 12,51%). Segundo operadores, após alta de mais de 0,30 ponto percentual nos dois primeiros pregões da semana, por conta da percepção de piora dos fundamentos domésticos, a taxa do derivativo, ao menos por ora, já está em níveis compatíveis com o patamar dos Treasuries.

    A chamada inclinação da curva a termo – medida pelo diferencial entre as taxas dos DIs para janeiro de 2015 e 2017 – chegou a superar 1,80 ponto percentual. Com a perda de força dos juros longos, terminou o pregão a 1,78 ponto, mesmo nível de terça-feira A percepção de risco segue elevada e, salvo mudanças na condução da política econômica local, dificilmente vai recuar, dizem estrategistas. Como o Federal Reserve (BC, dos Estados Unidos) começará em algum momento a podar os estímulos, mesmo que moderadamente, a tendência estrutural é de alta das taxas.

     

    Fonte: Valor Econômico

    Matéria anteriorReceita extra surpreende e melhora situação fiscal
    Matéria seguinteIndefinição fiscal leva Tesouro a ‘lavar roupa suja’