O crédito, importante canal de transmissão da política monetária, parece ter respondido…
Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco CENTRAL (Depec/BC), Tulio Maciel, o que se espera quando a taxa básica de juros aumenta é a moderação da expansão dos financiamentos.
Em abril, o estoque de crédito mostrou alta de 13,4% em 12 meses, para R$ 2,777 trilhões. Em abril de 2013, o ritmo de expansão em 12 meses estava em 16,26%. Para 2014, projeção do BC é de alta de 13% – dado que será revisado em maio, após expansão de 14,6% no ano passado.
Apesar da moderação no ritmo de crescimento, Maciel defende que o crédito continua contribuindo para a expansão da atividade econômica.
No lado das taxas, o juro médio do sistema financeiro apontou alta de 2,6 pontos percentuais, saindo de 18,5% em abril do ano passado para 21,1% em abril deste ano. Olhando apenas os recursos livres destinados às pessoas físicas, a taxa subiu de 34,4% para 42% em abril, maior desde agosto de 2011. Em 12 meses, a alta foi de 7,6 pontos percentuais, enquanto a Selic subiu 3,75 pontos.
Segundo Maciel, a tendência para as taxas de juros, agora, é que o ritmo de alta visto desde abril do ano passado não se repita. Olhando uma série histórica, disse ele, sempre que se tem uma mudança no ciclo monetário, há resposta nas taxas ativas, mas isso não ocorre no mesmo momento, pode ter uma antecipação pelo mercado ou reação posterior.
Especificamente na passagem de março para abril, a taxa de juro média do sistema financeiro mostrou estabilidade em 21,1%. No mesmo período, o spread total subiu 0,2 ponto percentual, para 12,5 pontos – alta de 0,8 ponto em 12 meses. Já o custo de captação teve queda de 0,2 ponto, para 8,6% em abril, mas em 12 meses esse custo dos bancos avançou em 1,8 ponto percentual. Como a alta do spread foi menor do que a taxa de captação em 12 meses é possível inferir que os bancos absorveram parte dessa alta de custo.
A elevação dos juros nesses 12 meses não resultou em piora da inadimplência do sistema financeiro. De fato, a taxa caiu de 3,6% em abril de 2013 para 3% em abril último, mínima histórica que se sustenta desde dezembro do ano passado.
Segundo Maciel é difícil prever para que lado essa taxa pode se mover daqui por diante, mas os componentes que contribuíram para sua redução seguem presentes, como aumento de renda do trabalhador, maior seletividade dos bancos em algumas linhas e aprimoramentos na educação financeira da população.
Olhando apenas o crédito concedido com recursos livres o avanço em abril foi de 0,1%, para R$ 1,503 trilhão, enquanto o direcionado aumentou 1,3% para R$ 1,273 trilhão, aqui se destacam o credito imobiliário, com alta de 30% em 12 meses.
Por controle de capital, os bancos públicos voltaram a ganhar espaço no mês passado, com crescimento de 1,2% da carteira, que somou R$ 1,449 trilhão, ou 52% do total. Os bancos privados viram seu estoque encolher em 0,1%, para R$ 905,656 bilhões, e os estrangeiros registraram alta de 0,2%, para R$ 422,409 bilhões.
Mesmo liderando o mercado, ao responder por 52,18% do crédito, os bancos públicos mostram um menor ímpeto de crescimento. Tirando o BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da conta, as outras instituições controladas pelo governo marcaram o décimo mês seguido de redução no ritmo de expansão das carteiras.
Cruzando dados do BC é possível verificar que os bancos públicos (ex-BNDES) encerraram abril com saldo de R$ 918,445 bilhões nas suas operações de crédito, o que representa um crescimento de 24,2% em 12 meses. Em abril de 2013, a expansão acumulada em 12 meses estava em 38%.
Olhando o BNDES (crédito direcionado para pessoa jurídica), o saldo da carteira fechou abril com crescimento de 14,5% em 12 meses, somando R$ 530,626 bilhões. Em abril de 2013, o ritmo era de 16,2%, mas já chegou a se aproximar dos 50% em julho de 2009, quando o Banco foi acionado como ferramenta de combate à crise.
Embora os bancos públicos mostrem menor ímpeto, especialmente depois da ordem dada pela presidente Dilma Rousseff em novembro, os bancos privados não ganharam espaço. Com tímido crescimento de 6,6% da carteira em 12 meses, eles, de fato, perderam participação sobre o estoque para os concorrentes estatais, caindo de 50,88% em abril do ano passado para 47,82%.
Fonte: Valor Econômico