Presidente da Casa ordena retirada de manifestantes pela polícia
Uma nova sessão foi marcada para hoje, às 10h. Após mais de duas horas de discussão entre parlamentares sobre a presença de populares nas galerias da Casa, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDBAL), ordenou à polícia a retirada dos manifestantes.
A atitude de Calheiros foi motivada pelo enorme barulho provocado pelos manifestantes, que gritavam palavras de ordem e atrapalhavam a sessão. O estopim da confusão foi o protesto da deputada Jandira Feghali (PCdoB- RJ) de que gritos de “vagabunda” teriam sido proferidos enquanto a senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) falava na tribuna. Oposicionistas defendem que os populares gritavam, na verdade, “Vai pra Cuba”.
“Esta obstrução é única em 190 anos do Parlamento. Foram 26 pessoas assalariadas impedindo os trabalhos do Congresso Nacional”, esbravejou Renan, que acusou a oposição de levar à Casa uma militância paga.
Haviam sido distribuídas aos partidos cotas na ocupação das galerias proporcionais às bancadas.
O PT, por exemplo, teria direito a 16 cadeiras. O PSDB, a dez lugares.
A oposição, que estimulou a presença de seus simpatizantes no Congresso, queria que a entrada fosse livre, já que muitos dos seus buscavam acompanhar a sessão.
Entre os manifestantes, alguns trajavam camisetas com inscrições “Impeachment já”.
“Não podemos admitir que uma claque paga agrida uma parlamentar”, defendeu Jandira.
A Polícia Legislativa enfrentou dificuldades para retirar os ocupantes das galerias. Deputados que foram ao local a fim de tentar conter o tumulto ficaram no meio de um empurra-empurra.
“O que aconteceu aqui hoje foi um golpe à democracia. Havia parlamentares da oposição na galeria, organizando um processo para inviabilizar a votação. É gravíssimo”, disse o líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS).
Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), “o grave equívoco foi impedir que as pessoas pudessem participar. Ao impedir a abertura das galerias a todos, acirrou-se o clima”, justificou. O candidato derrotado na disputa presidencial fez ainda críticas ao decreto presidencial que vincula a liberação de emendas parlamentares à aprovação do projeto que altera a meta de superávit. “É como se a presidente tivesse colocado um cifrão na testa dos parlamentares, dizendo ‘Vocês valem R$ 700 mil cada'”.
Mais cedo, o DEM ingressou junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) para suspender os efeitos do decreto presidencial que condiciona a liberação de recursos para emendas à aprovação do projeto que altera a meta fiscal.
Fonte: Valor Econômico