Após uma semana mais calma, o dólar e as taxas dos contratos futuros de juros encerraram ontem em alta diante de um cenário de maior aversão a risco.
No câmbio local, a saída maior de recursos ajudou a intensificar a queda do real, enquanto os investidores pesam os últimos dados da economia americana divulgados na semana passada. A percepção é que há espaço para o Federal Reserve (Fed, Banco CENTRAL americano) seguir seu plano de normalização da política monetária.
O dólar comercial subiu 1,14%, encerrando a R$ 2,6675.
Analistas afirmam ter observado maior saída de recursos ontem, depois do ingresso líquido de divisas na semana passada.
Foi o gatilho para acentuar o movimento de alta do dólar no mercado doméstico. “Teve saída tanto no mercado à vista quanto no de derivativos”, afirma Italo Abucater, especialista em câmbio da Icap Corretora.
Os dados positivos da economia americana divulgados na semana passada endossam as expectativas de alta gradual da taxa de juros nos Estados Unidos, enquanto os investidores esperam novas medidas de estímulo monetário por parte do Banco CENTRAL Europeu (BCE). A queda do preço do petróleo também pesou sobre as moedas emergentes atreladas a commodities.
Ontem, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Dennis Lockhart, que tem direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) neste ano, disse que provavelmente apoiará a alta da taxa de juros em meados de 2015. “Acredito que a primeira ação para elevar a taxa de juro tende a ser justificada no meio do ano”, disse, em discurso preparado para um evento no Rotary Club em Atlanta.
No mercado local, o Banco CENTRAL seguiu com as intervenções no câmbio e vendeu todos os 2 mil contratos de swap cambial ofertados no leilão do programa de intervenção, além de renovar mais 10 mil contratos que venceriam em fevereiro.
A depreciação do real e o ambiente de aversão a risco empurraram os juros futuros para cima na BM&F, com os investidores recompondo parte dos prêmios eliminados na semana passada.
Entre os contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) longos, mais ligados ao ambiente externo, o derivativo para janeiro de 2021 subiu de 12,05% para 12,17%. Já a taxa para janeiro de 2017 fechou a 12,58%, ante 12,48% de sexta-feira.
As altas nos contratos com vencimento próximo, que captam as expectativas para o rumo da Selic, foram menores. O DI para abril de 2015, por exemplo, subiu de 12,19% para 12,23%, enquanto o contrato para janeiro de 2016 avançou de 12,69% para 12,75% Não foram alteradas, contudo, as estimativas para o ritmo e a magnitude do aperto monetário desenhadas pelas taxas futuras no fim da semana passada. As chances de alta da Selic em 0,75 ponto no encontro do Comitê de política monetária (Copom) na semana que vem, que chegaram a superar 60% no início do mês, seguem abaixo de 30%. Também permanece no radar a expectativa de que a taxa básica não vá além de 13% neste ano.
Segundo analistas, a conjunção de atividade fraca e inflação alta continua no foco dos investidores.
Nesse sentido, vale destacar as oscilações das estimativas captadas pela pesquisa Focus.
Para 2015, a mediana das projeções para o IPCA teve ligeira alta, de 6,56% para 6,60%, afastando-se mais um pouco do teto da meta, de 6,5%. Ao mesmo tempo, a aposta para o PIB caiu de 0,50% para 0,40%. Já a projeção para a Selic no fim de 2015 permaneceu em 12,50%.
Fonte: Valor Econômico