Brasil só cresce com ajuste fiscal, diz Bird

    Banco Mundial reduz projeção de expansão global

    -WASHINGTON- O Brasil só deixará o crescimento medíocre para trás a partir de 2016 se o ajuste fiscal comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a elevação dos juros pelo Banco CENTRAL (BC) forem bem-sucedidos este ano, quando a economia deverá ter expansão de 1%, após fechar 2014 estagnada (0,1%), avalia o Banco Mundial (Bird) em seu relatório semestral “Perspectivas para a economia global”, divulgado ontem. O acerto da política econômica austera é o principal ingrediente, segundo o Bird, para a retomada da confiança de investidores, empresários e famílias.

     

    Ainda assim, deficiências em outras áreas, notadamente infraestrutura, carga tributária e legislação trabalhista, continuarão limitando o Produto Interno Bruto ( PIB) e ganhos de produtividade, fazendo com que o Brasil, na melhor das hipóteses, continue em “voo de galinha” se não avançar em uma agenda de reformas. O Bird projeta que a economia brasileira cresça 2,5% em 2016 e 2,7% em 2017.

     

    No ciclo 2012-2017, o Brasil terá crescido abaixo da média da América Latina e dos emergentes em geral. Como Argentina e Venezuela vêm de (e manterão) condições econômicas piores, eles, junto com o Brasil, representam um freio na expansão da América do Sul (média projetada de 2,2% no triênio 2015-17) e são classificados como um grupo “cujas perspectivas tendem ao negativo”, diz o Bird.

     

    O Brasil, inclusive, foi um dos quatro países/blocos responsáveis pela redução da projeção de crescimento global em 2015, de 3,4% para 3%. Os demais são Japão, União Europeia e Rússia – esta deverá ter retração de 2,9% este ano.

     

    – A esperança é que a confiança dos investidores será maior, apesar da alta inflação e do grande déficit fiscal – afirmou Ayhan Kose, diretor de projeções globais do Bird.

     

    Ou seja, o cenário é de recuperação gradual para o Brasil, se for feito o dever de casa. A economia se beneficiará ainda da depreciação do real, que devolverá competitividade às exportações, e de possível adiamento da alta da taxa básica de juros dos Estados Unidos. Já a economia global continua em um momento delicado e depende da pujança americana. Por isso, é imperativo haver recuperação na zona do euro, no Japão, na Rússia e no Brasil. As projeções do Bird apontam expansão mundial de 3% este ano, de 3,3% em 2016 e de 3,2% em 2017.

     

    – A única economia relevante que está indo bem é a dos EUA. A economia global está rodando com apenas um motor. O desafio é que a economia mundial é hoje muito maior e precisa de mais de uma locomotiva – disse Kaushik Basu, vice-presidente e economista-chefe do Bird.

     

    Fonte: O Globo

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