O calvário do BC para entregar a inflação na meta

    ALEXANDRE TOMBINI, como Dilma Rousseff, está há 52 meses no comando do Banco CENTRAL. Se para a presidente da República governar um país com baixo crescimento ou retração tem sido um calvário, para o presidente do Banco CENTRAL, não entregar a inflação na meta não é diferente. Até porque as singularidades que distinguem este governo de qualquer outro foram alcançadas com o esforço da instituição e ao custo da contrariedade de alguns integrantes do seu comando em vários momentos em mais de quatro anos. 

    Nos últimos dois dias de reuniões em São Paulo e Rio, coordenadas pelo diretor de política econômica do BC, Luiz Awazu Pereira, para obter subsídios à edição do próximo Relatório de Inflação, economistas de mercado têm demonstrado surpresa com o discurso conservador da autoridade. 

    Ouvidos pelo Valor, economistas disseram que o diretor foi explícito mais uma vez em afirmar que o esforço do BC é fazer com que a inflação convirja para 4,50% em 2016. E que, para isso, é fundamental que as expectativas cedam. 

    Manter um discurso conservador é obrigação de bancos centrais em sua tarefa primária de proteger o valor da moeda. E a política monetária é um instrumento a ser administrado para conter a inflação, contribuir para a expansão econômica e o pleno emprego. Um objetivo de cada vez ou todos ao mesmo tempo. Intérprete do discurso oficial do BC do Brasil da porta para fora, Awazu dá a senha para mais um aumento da taxa Selic, de 0,50 ponto percentual, no encontro do Copom de 2 e 3 de junho. 

    A curva de juros, extrapolada na BM&FBovespa a partir da compra e venda de Depósito Interfinanceiro para liquidação futura, traz a mesma projeção para junho e mais 0,25 ponto para o Copom de julho. A gestora Quantitas, que fornece projeções sobre a curva de juros, não sinaliza, por ora, estimativas consistentes de redução ou aumento da Selic até o primeiro trimestre de 2017. 

    Mas só discurso convence?

     

    Fonte: Valor Econômico

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