O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a dar sinais de que a autoridade monetária não deve interromper o ciclo de alta da taxa básica da economia (Selic), atualmente, em 13,25% ao ano. Em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, ao repetir o pronunciamento da semana passada em evento com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no Rio de Janeiro, ele assegurou aos presentes que o BC “continuará vigilante” em relação à inflação.
Ao ser questionado pelos parlamentares sobre quais seriam suas três maiores preocupações atuais, Tombini não titubeou e disse: inflação, inflação e estabilidade financeira. Ele explicou que a alta dos juros “é remédio que infelizmente tem que ser aplicado neste momento” e reconheceu que o custo de vida do brasileiro ainda está elevado, acima de 8% no acumulado em 12 meses.
Segundo o presidente do BC, a carestia só deverá apresentar recuo a partir do início do próximo ano e convergirá para a meta, de 4,5%, em dezembro de 2016. “Para atingir o nosso objetivo de colocar a inflação na marca de 4,5% no fim de 2016, é imprescindível que a política monetária se mantenha vigilante, em sintonia com o conjunto da política macroeconômica”, afirmou. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrado na primeira quinzena de maio acumulou alta de 8,24% em 12 meses. As estimativas para o fim de 2016 apontam para um IPCA em torno de 5%.
Essa sinalização de Tombini vai ao encontro da expectativa do economista-chefe do Besi Brasil – Banco de Investimento, Jankiel Santos, que aposta que a Selic subirá para 13,75% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 2 e 3 de junho. “Os discursos recentes de todos os diretores (do BC) têm sido nessa direção de expansão do ciclo de aperto monetário. Avaliamos que a manutenção do discurso e do tom mais hawkish (agressivo) apontam na direção de 0,5 ponto percentual de alta”, disse.
O presidente do BC defendeu, ainda, uma mudança de rumo. Ao seu ver, o país atravessa um momento de “ajuste importante e necessário para a retomada do crescimento econômico sustentável lá na frente”. “2015 deve ser encarado como um ano de transição para a nova realidade da política”, disse. Na avaliação de Tombini, as políticas que funcionaram em 2008 não produziram o crescimento do país nos últimos dois anos. “Mas acabaram por, digamos assim, afetar os fundamentos econômicos, em particular, os colchões de proteção que tínhamos na área fiscal”, afirmou. “O que está se fazendo agora é restabelecer esses fluxos fiscais. Ajustar algumas perdas de receita em decorrência da política fiscal do passado”, completou.
Fonte: Correio Braziliense