Após gripe, Levy escolta Barbosa, que é abordado por concursados

    Nos últimos dias, ministros negaram divergências e usaram metáforas.
    Concursados do BC abordaram Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda.

    Alexandro Martello Do G1, em Brasília

     

    Após não ter comparecido ao anúncio do bloqueio de R$ 69,9 bilhões no orçamento de 2015 na última semana alegando estar gripado, o ministro da Fazenda Joaquim Levy acompanhou, nesta quinta-feira (28), o titular do Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa, até a porta do prédio da Fazenda, em Brasília. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, também estava presente.

    A deferência aconteceu após o término da primeira parte da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) em Brasília – que reúne justamente os comandantes da área econômica e, também, após informações de que Levy e Barbosa teriam tido divergências sobre o tamanho do bloqueio no orçamento deste ano, conforme relato do colunista do G1, Matheus Leitão.

    Botafogo e Vasco ou Fla X Flu
    Nos últimos dias, tanto Levy quanto Barbosa se empenharam em desmentir a informação e, para isso, recorreram a metáforas futebolísticas. Até mesmo a presidente Dilma Rousseff entrou em cena para tentar aplacar os rumores de desentendimento.

    Nesta quarta-feira (27), Barbosa disse a jornalistas, no Congresso Nacional, que sua principal divergência com Levy é que o titular da Fazenda torce para o Botafogo e ele para o Vasco. “Tirando isso, estamos trabalhando os dois conjuntamente para recuperar o crescimento o mais rapidamente possível”, declarou ele, acrescentando que os dois são parte da equipe econômica. “Quando um não pode comparecer, o outro comparece e cumpre o papel que tem de ser cumprido”, acrescentou.

    Interpelado nesta quinta sobre o assunto, o ministro Levy afirmou que afirmou que não existe “mal-estar” e “tentar ficar fazendo clima”. “Vou usar a expressão também futebolística. Tentar criar clima de Fla x Flu não cola. Então, não cola essa história. A semana toda tentando criar assunto, mas não cola”, declarou ele.

    Nesta quarta-feira, na Cidade do México, a presidente Dilma Rousseff afirmou que Levy e Barbosa têm “uma posição de unidade” em relação ao ajuste fiscal do governo. “A posição do ministro Levy e do ministro Barbosa no governo é extremamente estável. Nunca houve, desde que assumiram suas funções, nenhum problema com eles. Reconheço no ministro Levy um ministro dedicado, batalhador e trabalhador. Ninguém pode tirar isso do Levy nem do ministro Barbosa. Ambos fizeram cortes do orçamento”, disse ela na ocasião.

    Concursados do BC
    Ao deixar o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que encabeça as negociações com servidores públicos, foi abordado por concursados do Banco Central. Eles já foram aprovados em concurso e fizeram curso de formação, mas ainda não foram nomeados. Os manifestantes tentaram entregar um documento para o ministro, solicitando sua efetivação. 

    De acordo com o movimento dos servidores aprovados, o último concurso para o quadro de pessoal da autoridade monetária teve originalmente 500 vagas, mas, ao fim, 1.035 candidatos foram capacitados em curso de formação, estando, portanto, prontos para a nomeação. Até o momento, 300 destes concursados foram nomeados.

    Os servidores dizem, também, que o Banco Central deveria contar com um efetivo de 5.309 Analistas e 861 Técnicos, totalizando 6.170 servidores, segundo a Lei 9.650/98, e dizem que, atualmente, o quadro é de 3.320 analistas e 537 Técnicos, ou seja, 3.857 servidores ativos. Segundo o movimento, há uma defasagem de 2.313 servidores em relação ao autorizado por lei e acrescenta que, com estes números, o quadro efetivo do BC é o menor desde 1975.

    Nesta terça-feira (26), no Congresso Nacional, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que estava trabalhando para nomear o máximo de servidores possível para a instituição. “Estamos fazendo gestão para ter o máximo de contingente possível ainda com relação ao concurso de 2013. Se depender de mim, eu chamo todo mundo, mas há uma restrição orçamentária”, declarou ele.

    Nesta quarta-feira (27), também no Legislativo, o ministro Nelson Barbosa foi questionado por parlamentares sobre as nomeações no Banco Central e na Anvisa, e declarou que eles começarão a ser chamados, até o fim de junho, mas “não no montante todo que tinha sido inicialmente colocado”.

    “Tem uma verba no orçamento para chamar concursados. Tem um valor excedente para o governo poder chamar acima do que foi colocado. As pessoas que já prestaram concursos e não foram chamados. O BC está nesta lista e a Anvisa também”, disse Barbosa.

    O ministro do Planejamento declarou ainda que essa é uma decisão que está dentro das prioridades do Executivo. “Nesse momento, não temos o número [de concursados que serão chamados]. Estamos definindo o número que vamos chamar. A gente espera definir isso até o fim de junho”, acrescentou.

     

    Fonte: G1

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