O governo adotou políticas de caráter recessivo para reorganizar a economia e o PT perdeu a capacidade de interferir nos rumos de suas gestões, diz manifesto lançado ontem por 33 dos 63 deputados federais da bancada do partido, com a intenção de servir como base para os debates do 5º Congresso Nacional da legenda, que começou ontem em Salvador.
O texto, de duas páginas, não faz críticas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy – segundo o deputado Paulo Pimenta (RS), para não “personificar o debate”. O documento diz que o PT foi “aceleradamente” perdendo a capacidade de formular e de pautar o debate nacional e dá como exemplo as recentes decisões econômicas “que tem gerado preocupação nos brasileiros”.
“Este reposicionamento adota políticas de caráter recessivo, com aumento de juros que provoca desaceleração econômica e desemprego. Este é um debate que o PT precisa fazer de forma profunda, responsável e solidária, sem se omitir para ser ouvido”, diz o manifesto.
No texto, os petistas pedem que o partido reavalie sua política de alianças para as eleições de 2016 e 2018, “de forma a garantir identidade programática”; acabe com o processo de eleições diretas (PED) para os cargos de direção do partido; e que convoque novas eleições em novembro para eleger um novo diretório nacional.
A maioria dos que subscreveram o texto é da Mensagem ao Partido, grupo que prega a refundação do partido desde a época do mensalão. Poucos deputados da corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB) – a mesma do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, assinaram o manifesto.
Os deputados petistas também defendem que o partido “desenvolva um combate sem tréguas à corrupção”, com a exclusão dos filiados comprovadamente envolvidos em processo de corrupção. Mas o documento não faz menção a quatro de seus ex-dirigentes – José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e João Paulo Cunha – condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento nos desvios do mensalão e que continuam filiados.
“Consideramos que o julgamento deles não foi justo. Houve abuso do Supremo”, disse o deputado Paulo Teixeira (SP), porta-voz do grupo. “A teoria do domínio de fato [usada para condenar Dirceu] não é algo que sobreviverá após esse julgamento”, afirmou.
O manifesto dos petistas cita ainda o escândalo da Petrobras, sem cobrar a punição dos envolvidos ou medidas da direção atual. “Nem tudo saiu como queríamos. Exemplo bastante contundente é o caso da própria Petrobras. Hoje, a partir de fatos graves envolvendo a empresa, somos atingidos como governo e como partido”, afirma o texto.
Fonte: Valor Econômico