ncertezas sobre o ajuste, com acirramento das disputas no Congresso, e novos indiciamentos na Lava-Jato derrubam papéis de estatais e levam Bovespa a queda de 1,36%. Aversão ao risco, levam investidores para o dólar, que fecha em alta de 0,21% a R$ 3,201
Em meio à desconfiança, os papéis da Petrobras puxaram a queda de 1,36% do pregão paulista. Os papéis preferenciais da companhia caíram 5,35% e os ordinários, com direito a voto, despencaram 6,18%. O derretimento das ações foi impulsionado pelo indiciamento o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, pelos crimes de fraude em licitação e corrupção passiva com base nas investigações da Lava-Jato. Outras sete pessoas foram denunciadas ao Ministério Público.
Para piorar a situação, o preço do barril do petróleo chegou a ser cotado a menos de US$ 50 e fechou o dia valendo US$ 50,15, o menor nível desde 2 de abril. A aversão ao risco levou os investidores estrangeiros a se desfazer dos papéis da petroleira. Além disso, relatórios de mercado apontaram que as exportações da Arábia Saudita diminuíram ao menor nível em cinco meses, mesmo com a produção em nível recorde, acima de 10 milhões de barris por dia.
Entre as estatais, a Eletrobras também encerrou o pregão com queda no preço das ações. O valor dos papéis ordinários teve queda de 2,41% e os preferenciais 1,63%. A retração ocorreu após os boatos de que o escritório norte-americano Rosen Law Firm prepara uma ação coletiva contra a estatal, nos moldes do processo que tramita contra a Petrobras. Os advogados devem reclamar as perdas dos acionistas pelo envolvimento da empresa do setor elétrico nos esquemas de corrupção investigados pela Operação Lava-Jato.
Cenário
Na opinião de Chad, da DX Investimentos, a crise política tem agravado o cenário econômico, uma vez que as estatais estão no centro dos escândalos de corrupção. Conforme ele, a cada notícia negativa que surge, as companhias envolvidas na Operação Lava-Jato sofrem com perda de valor.
No mercado de câmbio, o dólar chegou a ser negociado a R$ 3,224 ainda influenciado pela decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar o rompimento formal com o governo. O gerente da Fair Corretora, Mário Battistel, explicou que o mercado estrangeiro passou o dia sem turbulências, após a Grécia fechar acordo com credores e iniciar o processo de pagamento de dívidas. Para ele, as sinalizações de Cunha e do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), de que criarão problemas para o governo estão afugentando os investidores.
Conforme Battistel, as pressões externas ainda são grandes, sobretudo dos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) deve iniciar o ciclo de alta de juros nos próximos meses, o que levará muitos investidores a retirarem recursos dos mercados emergentes para aplicar na maior economia do mundo. “Mas isso é questão para o futuro. Os problemas aumentaram com a reunião do governo com a Moddy”s. A queda do rating e a sinalização de outro rebaixamento devem fazer o dólar disparar”, comentou.
CPI do BNDES ameaça economia
O governo avalia que a CPI anunciada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para investigar contratos do BNDES pode paralisar a instituição e causar sérios prejuízos à economia; até maiores do que os provocados pela da Petrobras. A avaliação foi feita ontem, em reunião da presidente Dilma Rousseff com ministros que compõem a coordenação política do governo. Segundo fontes, a equipe econômica estuda abrir uma linha de capital de giro, financiada pelo BNDES, para socorrer empresas em dificuldades financeiras após a Operação Lava-Jato, com o objetivo de evitar quebradeiras e demissões em massa. Ministros dizem, porém, que nada disso será levado adiante se a CPI vingar.