Os traders de títulos públicos e privados no mercado aberto não perderam tempo e incorporaram integralmente nos preços dos ativos a sinalização, dada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), após reunião na quarta-feira passada, de que o ciclo de elevação da taxa básica Selic foi concluído.
A expectativa para o ajuste da Selic no Copom de setembro, calculada a partir dos ativos de renda fixa, é de apenas 0,07%, informa o Credit Suisse Hedging-Griffo em relatório distribuído a investidores. No mercado futuro de juros da BM&FBovespa, onde uma curva de preços/taxas é definida pelas negociações de contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), ocorreu um rebalanceamento em função do último aumento da Selic, em 0,50 ponto, para 14,25% ao ano.
Até quinta-feira, quando o BC publicará a ata da última reunião do Copom, instituições financeiras e investidores mantêm o foco nos ajustes dapolítica monetária.
Não dá para apostar, contudo, que esses agentes continuarão rigorosamente bem comportados após a divulgação da ata, que deverá repetir o comunicado distribuído na quarta-feira com a decisão do Copom e, quem sabe, até se estender um pouco mais em novas indicações sobre o sentido da expressão ” necessária”, presente no comunicado e interpretada por vários analistas como uma brecha que pode sancionar uma eventual retomada do aperto monetário.
“Avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 ponto, para 14,25% ao ano, sem viés. O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016″, disse o comunicado do BC.
A leitura do comunicado feita por economistas do Itaú Unibanco sintetiza uma percepção compartilhada por mais integrantes do mercado, que não disfarçam o desconforto provocado pelo pique da taxa de câmbio. Ao dizer que a manutenção da taxa Selic é “necessária” para a convergência da inflação para a meta, o comunicado do Copom “manteve alguma pequena flexibilidade”. “Como a conjuntura econômica segue volátil, o que é ´necessário´ pode não ser suficiente – caso, por exemplo, a taxa de câmbio continue a se depreciar, e ameaçar o alcance da meta de inflação”, avalia o Itaú.
Na sexta-feira, o dólar encerrou cotado a R$ 3,424, após acumular valorização de 10,14% em julho.