A política monetária não ortodoxa se tornou parte convencional do kit de ferramentas dos banqueiros centrais, embora o aumento das taxas de juros esteja na agenda dos Estados Unidos e do Reino Unido. As aquisições de ativos durante a crise de 2008 foram redobradas na luta contra a recessão e agora representam parte permanente da blindagem que altos funcionários usam como arma contra dificuldades financeiras.
Esses ativos incharam o balanço do Federal Reserve (Fed), do Banco da Inglaterra (BoE) e do Banco Central Europeu (BCE) ao equivalente a um quinto de seu PIB. Só o Fed detém US$ 4,49 trilhões, frente a US$ 810 bilhões em 2005.
Embora tais excessos acabem sendo reduzidos, agora que a perturbação diminuiu, há poucas chances de que os balanços voltem algum dia aos níveis prévios à crise porque os banqueiros centrais estão descobrindo vantagens na administração de estoques inchados.
“É improvável que os responsáveis pela política econômica simplesmente tentem voltar às estruturas de balanço predominantes antes da crise”, disseram Alain Durre e Kasper Lund-Jensen, economistas do Goldman Sachs Group Inc., em relatório recente.
O principal argumento a favor de manter os balanços inflados é que isso dá às autoridades o arsenal para que elas forneçam liquidez aos setores dos mercados financeiros que venham a parar de funcionar no futuro. Em vez de ajustar as taxas de juros ou ter que reforçar os balanços, como fizeram depois de 2008, elas têm os meios para agir rapidamente.
Portanto, se uma parte do setor financeiro ficar paralisado, o banco central pode tentar reanimá-la com swaps de ativos, nos quais a instituição troca os valores líquidos que possui em seu balanço pelo ativo problemático, revigorando o mercado. “Em épocas de crise, os atritos no mercado financeiro se intensificam”, escreveram Durre e Lund-Jensen. “Nesse ambiente, o perfil – tanto o tamanho quanto a composição – do balanço dos bancos centrais é importante.”