O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a afirmar que “a manutenção do atual patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é condição necessária para a convergência da inflação para a meta no fim de 2016”. Ele discursou ontem a empresários, durante a premiação dos vencedores do “Valor 1000”. “Os riscos remanescentes para que as projeções de inflação atinjam com segurança o objetivo de 4,5% no final de 2016 são condizentes com o efeito defasado e cumulativo da ação de política monetária, mas exigem que a política monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta.”
Tombini afirmou ainda que as incertezas sobre as mudanças na economia chinesa e de sua taxa de câmbio “adicionam volatilidade a mercados internacionais” e que o momento da economia chinesa é “especialmente desafiador para economias emergentes”, mas que o Brasil tem se preparado para esse efeito seguindo uma “receita padrão”, ao reforçar o tripé macroeconômico. Ele citou o que chamou de “defesas” para períodos de volatilidade, destacando as reservas internacionais e o uso de instrumentos derivativos, como os swaps cambiais.
No cenário local, a combinação da queda da atividade econômica e com o aumento da inflação afeta a percepção dos agentes econômicos devido aos “custos inerentes ao processo de ajustamento, por serem correntes e mais palpáveis”. “Entretanto, à medida que a inflação arrefecer e o ambiente de estabilidade macroeconômica se consolidar, a percepção tende a mudar, melhorando o estado de confiança dos agentes econômicos”, disse ele.
Tombini afirmou que o processo de ajuste é fundamental para “estabelecer bases sólidas para a retomada sustentável do crescimento, eliminando distorções e vulnerabilidades que poderiam adiar a recuperação econômica”, disse.
Ele admitiu que o ajuste de preços relativos coloca desafios à condução da política monetária. “Esses ajustes de preços relativos fazem com que a inflação se eleve no curto prazo. A inflação acumulada em 12 meses deverá atingir seu pico neste trimestre e permanecer elevada em 2015, demandando determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos. Nesse sentido, a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem decorrentes dos ajustes de preços referidos, para circunscrevê-los a este ano”, afirmou.
“Devemos lembrar ainda que o próprio processo de ajuste de preços relativos, a despeito dos seus efeitos de curto prazo sobre a inflação, aumenta a eficiência da alocação de recursos, condição necessária para a recuperação da produtividade e do crescimento sustentável”, declarou Tombini.
Ele ressaltou a solidez do sistema financeiro nacional. “O sistema continua bem capitalizado e líquido, com baixos índices de inadimplência e composto por instituições bem provisionadas e pouco dependentes de recursos externos. Numa análise prospectiva, a solidez do nosso sistema financeiro será um fator que contribuirá para a recuperação de níveis sustentáveis de crescimento.”
Fonte: Valor Econômico