A presidente Dilma Rousseff pôs termo a mais uma onda de pressões pela saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, do governo. “Ele fica. E se ele fica é porque concordamos com a política econômica dele”, afirmou. Sobre uma das fontes dos ataques, o PT, a presidente disse que o partido pode pensar o que quiser mas, no caso de Levy, “não é a opinião do governo”, referindo-se à entrevista do líder da legenda, Rui Falcão, à “Folha de S. Paulo”, defendendo que o ministro deveria deixar o cargo se não concordasse com mudanças que estariam a caminho na política do governo.
Levy, por seu lado, só sairá do governo no dia em que achar que não tem mais qualquer possibilidade de lutar pela estabilização a partir do ajuste fiscal, premissa para o crescimento. Por enquanto, acredita que ainda tem. A intensa circulação de informações na sexta-feira sobre a iminente demissão do ministro, a suposta carta de demissão que levaria consigo à reunião privada com a presidente e sua insatisfação por estar o governo cedendo à pressão do PT não são fatos que guardam relação com a realidade.
Voltou com força na sexta feira a informação de que o ex-presidente Lula estaria forçando a substituição de Levy pelo ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Fontes próximas a Meirelles relatam que ele foi sondado, mas teria colocado duas condições para aceitar o posto: escolher os nomes do ministro do Planejamento e do presidente do BC com quem trabalharia. A área econômica do governo desconhece as propostas de Meirelles para uma nova política.
Levy acompanha todos esses movimentos, tem ciência da gravidade da situação, mas diz e repete a seus assessores: “Paciência é a palavra chave”. Ele não esconde o desconforto com seu isolamento no governo, principalmente depois dos ataques do ex-presidente Lula à política econômica, em uma tentativa de se colocar como oposição.
“Isolado, mas não morto”, disse Levy a assessores, depois do encontro com a presidente, quando discutiu na Junta de Execução Orçamentária medidas para garantir o superávit primário de 0,7% do PIB em 2016. O ministro acha que não há motivo que justifique a sua saída, pois, em sua avaliação, não existe alternativa ao que está fazendo e propondo à presidente.
Fonte: Valor Econômico