Na tentativa de evitar uma disparada do dólar, diante das tradicionais retiradas de recursos do país no fim de ano, o Banco Central interveio no mercado ontem por meio de um leilão de US$ 500 milhões, com compromisso de recompra. O montante foi ofertado em duas etapas, ao longo da tarde, e deve voltar a integrar as reservas cambiais até julho de 2016. Influenciada pela ação do BC, a moeda norte-americana fechou o dia em queda de 0,22%, cotada a R$ 3,792. A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), por sua vez, apontou ligeira alta de 0,03%, aos 46.206 pontos.
Para o economista sênior do banco Haitong, Flávio Serrano, a intervenção do BC, que vem se tornando rotina, é justificável. A intenção, segundo ele, é impedir variações cambiais muito bruscas, que poderiam prejudicar as empresas. “Os leilões de linha são usados para evitar volatilidade excessiva. Quando o dólar sobe 5% de uma vez, por exemplo, uma companhia que não está preparada para absorver o choque pode quebrar”, explicou.
Na avaliação do economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, tem havido um certo exagero nas intervenções do BC. “A instituição não precisaria e não deveria intervir tanto assim. O ideal seria deixar o mercado se resolver sozinho e manter as reservas para casos de urgência”, afirmou. O que acontece, segundo ele, é que, ao se assustar com a inflação, o BC recorre às reservas para segurar o câmbio. A estratégia é considerada prejudicial à recuperação da economia, por desestimular que o mercado faça os ajustes necessários de maneira natural.
O dólar acumula queda de 1,63% em novembro. Além das ações do BC, esse movimento tem sido sustentado pela possibilidade de Henrique Meirelles substituir Joaquim Levy no Ministério da Fazenda. Meirelles teria apoio do PT para levar adiante o ajuste fiscal que fracassou nas mãos de Levy.
Fonte: Correio Braziliense