Nos últimos dias, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem trocado correspondências com a presidente Dilma Rousseff e conversado com ministros palacianos sinalizando que quer deixar o governo. De acordo com fontes próximas ao ministro, uma dessas conversas ocorreu na noite de quinta-feira. Levy, segundo essa autoridade, não pretende deixar o governo imediatamente, não quer se indispor com a presidente e se esforçará para sair tão bem quanto entrou. A avaliação pessoal dele é que tem se tornado uma voz isolada na política econômica do governo.
Essa não é a primeira vez que o ministro da Fazenda demonstra insatisfação. Quando o governo cortou R$ 69,9 bilhões em gastos no Orçamento no início do ano, Levy não apareceu para divulgar a decisão e não escondeu seu descontentamento. Voltou a subir o tom quando a presidente Dilma decidiu enviar ao Congresso um Orçamento com déficit, o que levou o país a perder o grau de investimento.
Não há decisão sobre o substituto de Levy ou quando a troca será feita, mas há uma certeza no governo de que ele deixará o cargo. O nome do diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Otaviano Canuto, voltou a circular como um provável substituto. De acordo com uma autoridade ouvida pelo Valor, o nome agrada a presidente Dilma. Canuto trabalhou na equipe do ex-ministro Antonio Palocci e é um crítico da nova matriz econômica, que marcou o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
Na semana passada, o ministro Levy soltou uma longa nota agradecendo a senadores a participação num jantar em que fora duramente criticado. O documento também detalhou a visão da política econômica do ministro e foi interpretado por assessores como um primeiro sinal de que ele estaria construindo seu discurso de saída do ministério.
“A proposta de permanente avaliação, priorização e disciplina do gasto público e um orçamento com receitas sólidas é a manifestação imediata desse entendimento, e permitirá a iniciativa privada e a população ter confiança e levar avante seus planos e sonhos, traduzindo-se na retomada econômica”.
Levy vem sendo criticado por resistir a adotar medidas que possam estimular a economia no curto prazo, uma exigência do ex-presidente Lula. A avaliação é que o ministro tem um discurso único de ajuste fiscal.
Fonte: Valor Econômico