BC quer aumentar juros

    Apesar do agravamento da recessão, o Banco Central ameaça elevar a taxa básiva de juros (Selic) no início de 2016, caso a inflação não mostre sinais de arrefecimento. A atual Selic de 14,25% ao ano não foi suficiente para evitar que o custo de vida superasse os 10%, açoitando o orçamento das famílias e espalhando uma onda de incertezas que derrubou os investimentos produtivos. Em reunião na semana passada, dois dos diretores que integram o Comitê de Política Monetária (Copom) votaram pelo aumento de 0,5 ponto percentual dos juros.

    A maior parte do mercado, porém, não acredita que o BC seja capaz de promover um novo arrocho na economia, diante do tombo de 4,5% registrado pelo Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano frente ao mesmo mês de 2014. Muito analistas veem os sinais emitidos pelo BC como uma forma de pressionar o Congresso a aprovar a meta fiscal deste ano. Ontem, a presidente Dilma Rousseff comandou a articulação política para tentar resolver o impasse, que pode custar à petista mais problemas com o Tribunal de Contas da União (TCU).

    O BC está de mãos atadas, pois sabe que mais juros significam o prolongamento da recessão e sérios problemas fiscais, com o aumento da dívida pública, que caminha para os 70% do PIB. Segundo os analistas, para derrubar a inflação e evitar que ela estoure o teto da meta em 2016, de 6,5%, a Selic teria que subir para pelo menos 16%, o que causa arrepios no Palácio do Planalto e no empresariado. “O BC está tentando, com o discurso de alta dos juros, recuperar a credibilidade e dar um susto no Congresso, que impede o início do tão esperado ajuste fiscal”, reconheceu um técnico do governo.

    Dólar em baixa

    Com tantos problemas enfrentados pelo governo e a economia afundando, os investidores estão em alerta. Ontem, porém, deram uma trégua, diante da calmaria no mercado internacional. O dólar encerrou a terça-feira cotado a R$ 3,855 para venda, com queda de 0,81%. Na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), o Ibovespa, índice que mede a lucratividade das ações mais negociadas, registrou leve queda de 0,16%, aos 45.046 pontos.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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