Diante dos indícios de interferência do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no processo contra ele no Conselho de Ética, deputados vão fazer um aditamento à representação enviada à Procuradoria-Geral da República (PGR), em que pedem o afastamento cautelar dele do cargo. Os parlamentares vão escrever também uma carta aberta endereçada aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), no qual explicitam os motivos que tornam insustentável a permanência do peemedebista à frente da Câmara.
A intenção é enviar na semana que vem os aditivos ao processo, entregue à PGR na última quarta-feira. Serão acrescidos ao pedido os novos acontecimentos referentes à troca de relator no caso em que Cunha responde por quebra de decoro parlamentar. O líder do PSol, deputado Chico Alencar (RJ), disse que o objetivo do documento é reforçar o pedido da saída de Cunha, uma vez que a Corte tem de interferir em ritos do parlamento. “Nós vamos, até terça-feira, fazer uma carta aberta a todos os ministros do STF, assinada pelos deputados que desejarem, mostrando aos ministros que fazem parte da Suprema Corte a guardiã da Constituição, como seguidamente, em atitudes muito concretas, o presidente da Câmara tem desrespeitado a Constituição da República”, disse.
No entendimento do parlamentar, o clima de tensão no Conselho de Ética – ontem, dois deputados chegaram a se agredir fisicamente – é resultado da interferência de Cunha nos trabalhos. “Ele foi responsável pelo tumulto generalizado na sessão, que continuou aqui no Conselho de Ética. É golpe atrás de golpe”, reclamou Alencar. “Está claro que, enquanto o Eduardo Cunha estiver na Presidência, ele vai usar todos os recursos que tem para impedir que avance o processo contra ele no Conselho de Ética”, completou o líder da Rede, deputado Alessandro Molon (RJ).
Fonte: Correio Braziliense