Recado ao Congresso

    Um dia depois de anúncio da agência de classificação de risco Moody”s de que colocaria em revisão do rating do Brasil, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, usou uma analogia com o futebol para comentar o assunto. “A questão do rebaixamento é reflexo da realidade. É que nem campeonato de futebol, se você não se reorganiza, você não consegue ter união e o resultado é sério”, disse.

    Em São Paulo, onde participava do almoço de confraternização da Federação Nacional dos Bancos (Febraban), tentou não entregar os pontos. “Evidentemente depois (do rebaixamento) você tem que trabalhar e tentar voltar. Sempre se é possível voltar para divisão que acha que você pertence”, completou Levy.

    Em nota, o Ministério da Fazenda deu um recado ao Congresso Nacional – e para parte do governo que defende a redução da meta de superavit primário do ano que vem -, ao destacar que a Moody”s aguardará os desdobramentos da proposta orçamentária de 2016 para conduzir exercícios sobre a trajetória de endividamento, um dos pontos considerados na decisão sobre o rebaixamento do rating brasileiro.

    A avaliação da pasta é de que essa discussão cria espaço para “oportunas e necessárias” medidas de melhoria do gasto público. A Fazenda lembra que foram anunciadas também ações de incremento de receitas em 2016 – muitas pendentes de aprovação, como a CPMF.

    Cenário

    A pasta destaca ainda que a opinião da Moody”s remete às dificuldades do ambiente político e da capacidade do governo em implementar medidas que levem a resultados fiscais consistentes com uma trajetória mais positiva de endividamento público. “Segundo a agência, destaca-se o círculo negativo envolvendo o ambiente político conturbado, que por sua vez impede o progresso da agenda positiva no legislativo, com impacto na economia como um todo”, completa a nota.

    Para a Fazenda, os desafios para conter a deterioração do custo e do endividamento público e para assegurar a consolidação fiscal, assim como a consequente piora do ambiente econômico, impedem a retomada do investimento e da atividade, o que cria riscos ainda maiores para a qualidade do crédito soberano. “É importante destacar que, uma vez dissipadas as incertezas quanto à trajetória fiscal, é esperado um aumento gradativo da confiança necessária à recuperação do investimento e ao crescimento econômico, com impactos positivos nos indicadores de emprego”, acrescenta o documento.

    Outro ponto ressaltado pela nota é a necessidade de avançar nas mudanças estruturais, como a reforma do ICMS e de unificação do PIS/Cofins.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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