O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou ontem que deve pedir a suspeição do procurador-geral do Banco Central, Isaac Sidney Menezes Ferreira, para investigá-lo. Ferreira disse, em entrevista publicada ontem pelo Valor, que o pemedebista atuou com “abuso de autoridade” e desvio de finalidade na condução do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Isso só prova muitas coisas que eu falei. [Que] efetivamente órgãos de governo, que deveriam ser órgãos de Estado, e seus comandantes ou aqueles que deveriam prezar não só pelo sigilo das informações, mas também pela isenção no trato, viraram agentes políticos para me atacar”, afirmou o pemedebista. “Provavelmente é uma das motivações para meus advogados alegarem a suspeição dele”, completou.
A pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o BC atua no processo que investiga supostas contas mantidas por Cunha no exterior. Cotado para ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Ferreira afirmou ao Valor que Cunha “atua de forma nociva e deletéria para a democracia”. “A nação está refém e o preço do resgate não deve ser pago pelos brasileiros”, afirmou.
Líderes da oposição na Câmara criticaram as declarações. “O procurador-geral não tem autoridade nenhuma para tratar do impeachment”, afirmou Rubens Bueno (PPS-PR). “Ele está extrapolando todas as prerrogativas do cargo.”
Para o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), Ferreira deveria se ater a suas funções. “Ele deveria ter ficado mais atento quando a Caixa Econômica Federal comprou o Banco Pan Americano e o BC fez uma auditoria e não detectou uma fraude de R$ 4 bilhões na transação”, criticou.
O BC não quis se pronunciar. “O BC não tem juízo de valor institucional sobre qualquer autoridade ou indivíduo. Além disso, o BC não se pronuncia sobre opiniões pessoais de dirigente da Instituição”, disse por meio de sua assessoria.
Fonte: Valor Econômico