Wellington César avisou à presidente que decidiu não renunciar à sua carreira no Ministério Público baiano. O novo ministro, que entrou para o MPF antes da promulgação da Constituição de 1988, não é atingido pela decisão do Supremo Tribunal Federal, que proibiu a participação de procuradores em cargos do Executivo.
“OPERAÇÃO ARRISCADA” A oposição criticou a escolha de Aragão. Disse que a nomeação de um procurador que acompanha, ao lado do procuradorgeral, Rodrigo Janot, a Lava- Jato, é no mínimo “operação política arriscada” e dá sinalização ruim à sociedade.
Deputados tucanos lembraram de parecer dado por ele favorável à presidente Dilma em ação movida pelo PSDB contra ela no TSE. Já para o vice- líder do PT, Paulo Pimenta ( RS), Aragão tem autoridade política e jurídica e bom diálogo com o Judiciário.
– Ele interferiu favoravelmente à presidente Dilma no processo que o PSDB está movendo contra ela no TSE, o que por si só revela mais do que simpatia. Traz preocupação porque revela uma tendência partidária – afirmou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy ( BA).
Para o líder do PPS, Rubens Bueno ( PR), a escolha sinaliza que Dilma quer controlar o Ministério Público: – Não vejo como boa nomeação tirar um membro do Ministério Público e colocar outro. É ruim para as instituições republicanas e democráticas. A presidente sinaliza que quer o controle do MP para controlar a Polícia Federal e a Lava- Jato, que está chegando à presidente.
– Todos os políticos com foro privilegiado são levados para a Procuradoria- Geral da República. São informações que ele levará para dentro do governo. Isso, ao meu ver, é muito arriscado, delicado e perigoso – disse Pauderney Avelino, líder do DEM.
Pimenta criticou as suspeições sobre Aragão: – É um nome que tem autoridade política e jurídica, firmeza nas suas convicções, diálogo com as instâncias do Poder Judiciário e todas as condições para ser o ministro precisa neste momento.
Na semana passada, o STF decidiu anular a indicação de Wellington César para a Justiça, com base em ação movida por partidos de oposição. Eles alegaram que um membro do MP não poderia assumir cargos no Executivo. Dilma deixou a critério dele decidir. Se Wellington fosse assumir a pasta, ele teria de renunciar à carreira de procurador.
DIREITOS CONQUISTADOS Ao GLOBO, Wellington César afirmou que optou pela demissão para não perder os direitos conquistados nos 25 anos de trabalho no MP. Ele contou ter passado os últimos dias fazendo consultas a especialistas do país inteiro, sobre a possibilidade de ter uma aposentadoria proporcional, mas não conseguiu nenhuma interpretação favorável da lei. A fragilidade do governo, segundo ele, não pesou na decisão: – Ninguém joga uma carreira fora, que diz respeito a sua sobrevivência, a sua aposentadoria, a sua velhice amparada, por um cargo, independentemente de se tratar deste ou daquele governo, federal ou estadual – disse.
Wellington, que estava em seu primeiro dia como ministro quando ocorreu a condução coercitiva do ex- presidente Lula, garante não ter sofrido qualquer pressão por causa da Lava- Jato.
Fonte: O Globo RJ